terça-feira, 1 de julho de 2008

Redemoinho


Redemoinho..



A dor que rebenta
Como uma onda em fúria
Rasga o peito, arrasta, fura...
É qual tormenta,
Uma beleza dúbia:
A claridade obscura
Que emana da correnteza,
Ou a escura noite
Que se faz no dia...

No contraste e no açoite
Da água e da ânsia
A minha alma verte,
Gota a gota, a agonia..
Menos pela calmaria
E mais pela procura...
Menos pelo porto
E mais pelo farol...
Apenas a certeza e o perigo
Não a terra firme...
Não o corpo ardente...
Apenas a febre e o frio,
A consciência aberta em guia
A verdade em forma de tiras
Para que meu coração
Mesmo em retalhos
Se costure em vela...
Para que meus olhos
Avistem a luz nas trevas
E minhas mãos abertas
Tracem uma nova rota
Ainda que escura e trôpega,
Porém na certeza de um caminho..
E não mais o vórtice, o redemoinho!

Manoel Nogueira.

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