terça-feira, 6 de outubro de 2009

A FOGUEIRA DAS VAIDADES.






Hoje, com a mídia televisiva fabricando uma celebridade por segundo, as pessoas costumam fazer tudo para ficar em evidência. Lançam mão de todos os artifícios para a promoção pessoal.
Jovens mutilam o corpo, enchem-no de metais e estranhos adereços apenas para serem observados, notados. Outros se tatuam com figuras exageradamente chamativas, malham, enchem-se de substâncias alheias a sua composição, para fabricar uma escultura de carne que os mostre, os tire do anonimato de suas existências sem sentido e sem conteúdo.
Meninas se utilizam do corpo como fosse ele apenas uma massa modelável, um pedaço de carne para ser devorado pelos olhos. Andy Warhol com sua frase profética visualizou o destino da sociedade consumista. Já não nos contentamos com o simples ter, precisamos ser algo. É imperativo tornar-se objeto de adoração, admiração ou simples contemplação.
Na Internet, nesse espaço cibernético, nesta realidade virtual, essa tendência se acentua de maneira violenta. Nos sites de relacionamentos, nos sites de hospedagem de vídeos, fotos, etc. cada vez mais, crianças, adolescentes, jovens e adultos, sedentos de notoriedade, se prestam as mais degradantes situações em busca de seus 15 segundinhos.
Aqui, nesse ambiente virtual, por estas comunidades, fica claro essa tendência, basta observar como pessoas que não tem nenhum conhecimento dos assuntos, teimam em postar coisas absolutamente fora do contexto, numa tentativa de aparecer simplesmente.

Tópicos que falam de assuntos específicos, são desvirtuados com bate-papo, tentativas de ironia, piadas sem contexto e até citações bíblicas e jargões ideológicos. Tudo isso apenas para ficarem em evidencia, para conquistarem os olhares, as atenções.
E o que é incrível, é que estes não se importam com o destino do veículo, se ele vai ou não sobreviver depois dessas investidas vaidosas. O que importa é apenas a visibilidade imediata, o se manter em evidência, mesmo que seja por um segundo apenas, não importa se o veiculo atende a mais mil em sua normalidade, o importante é o seu momento de estrelato, mesmo que para isso seja preciso destruir o veiculo que o promove.
Mas o pior para estes, é que existem pessoas naturalmente carismáticas, que não precisam de adereços, tatuagens, etc. Esses são pessoas que não necessitam de luzes, elas brilham por si mesmas, são estrelas.
E quando uma dessas pessoas aparece entre a mediocridade dos que se modelam e se pavoneiam, dos que buscam artificialmente a fama e o brilho, as reações são imediatas.
Uns buscam a proximidade, na tentativa de que a luz que emana da criatura lhes ilumine também, outros tentam apagar a luz jogando mantos sobre ela, alguns acendem faróis e holofotes sobre si mesmo na tentativa de ofuscar o brilho natural que teima em lhes obscurecer. E há ainda os que tentam obstruir os olhos da platéia jogado poeira e fazendo fumaça, para que o brilho natural seja obscurecido.


Manoel N Silva

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