terça-feira, 6 de outubro de 2009

LIVRE MERCADO




Não é uma critica ao liberalismo, ou ao capital e nem muito menos um daqueles artigos que pretendem dizer o quanto esse ou aquele estava errado ou certo...

Não vou aqui acusar Marx ou Adam, ou defende-los. Quero apenas discorrer livremente sobre o Livre Mercado, sem compromissos ideológicos, teóricos, acadêmicos..etc. Quero apenas, como cidadão comum, homem simples e sem maiores e profundos conhecimentos de economia, analisar a crise que se desenrola sob meu olhar. Fazer analogias inocentes e sem fundamentos, divagar sobre o modelo econômico ideal que se apresenta ou apresentava.

O que seria esse famoso Livre Mercado? Como ele funciona? Bem, eu sempre vi essa prática impossível, inconsistente, pois, no meu entender, se baseia em “crença”. É preciso que todos acreditem cegamente nisto para que ele funcione... Sem querer ser cético e nem fazer gracejos religiosos, cito aqui uma frase popular, um adágio que corre pela boca do povo: “quem vive de fé (promessa) é santo”...

Não entendi até hoje como tantos homens acreditaram que pudesse existir uma prática econômica em que o Mercado definisse as regras. Como se o Mercado fosse um ser pensante, capaz de se auto-gerir, controlar o humor, a ganância, os desejos, as emoções humanas... Loucura!!

Como alguém pode acreditar nisso e fazer disso uma certeza para ser vendida a toda a humanidade?

Eu, como simples cidadão comum, como homem comum, jamais deixaria uma entidade subjetiva, imaginária reger minha vida, controlar meus impulsos... Talvez seja por isso que religião e economia sempre andam juntas, abraçadas, entrelaçadas, numa relação promíscua, onde são cúmplices, inimigas e amantes... É preciso muita fé para acreditar nos valores de ambas!

Mas, deixando de lado o místico e passando a realidade, como os homens acreditam que possa um regime, um sistema, reger as relações humanas, sem sofrer suas influências? Será que os economistas pensam que a economia é algo separado do ser humano? Algo que funciona sem a vontade do homem? Que a simples necessidade do mercado anula a capacidade de interferência do ser humano? Que o ser humano torna-se impotente diante da “onipotência” do mercado? Mais uma vez pergunto:

Como podem ser tão ingênuos esses teóricos?

Não existe naturalidade nos sistemas econômicos hoje vigentes, eles não são naturalmente criados, porque economia é uma invenção humana, nascida da necessidade humana e não imposta naturalmente ao homem.

Economia é o resultado das tentativas de organizar as trocas necessárias a sobrevivência da humanidade, a sua complexidade é fruto de uma porcentagem quase que total, da ganância do homem e não da necessidade básica que resultou em sua criação.

Evidente que o crescimento da população e a necessidade crescente de produtos, a inovação tecnológica, as descobertas criaram dificuldades nas trocas básicas, porém, as distorções do homem, visando um enriquecimento pessoal, são as principais culpadas dessa enorme interdependência econômica mundial, ele foi criando mecanismos cada vez mais sofisticados para “maquiar” sua ambição.

Criou donos, dependentes e consumidores... Primeiro em escala pessoal, familiar, depois foi passando a uma parcela maior, vilas, condados, municípios, estados e nações. É preciso manter sempre esse sistema de dependência do mercado por parte dos consumidores e produtores... Ou os donos quebram. Surge então a crise!

Mas o que é a crise? Eu diria que nada! Isso mesmo, nada! A crise não é nada, ela é apenas o resultado da maquilagem mal feita, os donos não souberam manter o rosto devidamente maquiado, bonito para os consumidores e produtores de riquezas. Eles deixaram que eles vissem que não existe mercado, o mercado é o homem! Eles deixaram entrever sob a pintura carregada a face da economia, ou seja, a sua própria face, e os consumidores perderam a fé, deixaram de acreditar que o mercado podia comandar suas vidas!

Manoel N Silva

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