quinta-feira, 24 de setembro de 2009

LIBERDADE E CAOS



“A liberdade pressupões que hajam caminhos a serem seguidos.

Pressupõem tambem que estes caminhos possam ou não possam ser seguidos, mas as duas opções têm que ser necessariamente possíveis.

Para que as duas opções possam existir de fato, algo deve ser livre, e este algo deve ser determinado.

Os caminhos são determinações de direção e sentido que algo possa tomar.

No caos absoluto não haveria algo e muito menos caminhos a seguir. Seria um eterno estado potencial, onde existiria apenas a não verificação.

Isto é liberdade? Haveria liberdade no caos absoluto?”

Luis Felipe Tavares

A liberdade é uma medida humana! Não adianta pensar a liberdade em termos cósmicos, em medidas infinitas. A liberdade é humana e apenas a humanidade é possível. Ela não depende de caminhos feitos, pode trilhar caminhos que ela construa. Em direção nenhuma, apenas caminhar caoticamente. Ser livre não é um estado físico, material, é uma sensação, um sentir. E, para sentir-se livre não é necessário ordem...!

Nada me permite o sentir, o sentir é uma qualidade humana, inerente a sua composição natural. A possibilidade só existe em função da liberdade e não ao contrário. A liberdade não depende de possibilidades. Se há determinação, não há liberdade, ou seja, não existem possibilidades, nem escolhas.

Analisando essa visão que tenho da liberdade, creio que cabe indagar se não seria a liberdade em sua plenitude, a ausência da ordem? O próprio caos?

Tendo a concluir que sim, a liberdade plena é o caos. No Caos não há o sentido de "caos", não existe referência a ordem...O caos não é uma desordem.

E ser livre não é estar livre, é sentir-se livre. Ter consciência de que está preso, saber de suas celas e de seus grilhões. Como disse antes, a liberdade é humana, portanto ela condiz com a sua potencialidade. Partilha dos seus limites. Aventar uma liberdade além dessa potencialidade, plena, sem limites...Só no caos!

Quando me refiro a liberdade humana, refiro-me a liberdade como desejo, meta a ser atingida, e essa sim é fruto de escolhas se não aleatórias, porém desejadas, imaginadas ou impostas, outras vezes determinadas por limites sociais, geográficos, sensíveis e físicos.

Quanto a ordem supostamente existente no caos, não vejo consistência nesta colocação. Não consigo vincular ordem ao caos. Quando penso em caos penso em liberdade, harmonia cósmica e não em ordem. Ordem, ao meu ver, denuncia determinação e, conseqüentemente, a idéia de um "organizador". Caos, como penso, é o estado natural do universo sem interferência nenhuma de leis ou ordenações. Puro movimento sem objetividade, sem direção. Liberdade plena, irrestrita!

Manoel N. Silva

PROFESSOR, QUAL A SUA CONTRIBUIÇÃO OU NÃO PARA O ESTADO CAÓTICO DA NOSSA SOCIEDADE ATUAL?





"A nobre profissão", "Jardineiro de mentes", "Agricultor do conhecimento".




Cresci ouvindo frases como estas. Acredito que se existe no mundo, uma classe com o poder de mudar uma sociedade, essa classe seria a de professores. São eles que formam os jovens e mantêm sua influência ao longo de suas vidas.
O que houve nos último 40 anos com essa classe? Por que eles não formaram jovens com uma maior visão e predisposição para mudar ou desviar o caminho que tomaram?


Sei que vou sofrer um bombardeio de "Elogios", mas é a pergunta que não quer calar: Porque os professores não conseguiram incutir base de caráter na maioria dos seus alunos?


Nos últimos vinte anos a educação praticamente ficou na mão dos professores, já que os pais tiveram que sair a luta, para prover a família. Não falo apenas das escolas públicas falo de todas as escolas, São de escolas particulares esses "boyzinhos" de classe média alta que fazem barbáries.
O sucateamento das escolas públicas é um motivo suficiente para desmotivar a formação de um jovem para quem escolheu essa "profissão de fé"?




Qualidade de ensino tem alguma coisa a ver com transmissão de conhecimento?


Em minha opinião, acho que os professores são os maiores culpados da falta de atitude e alienação dos jovens brasileiros. Eles não tiveram a capacidade de transmitir a esses jovens o verdadeiro conhecimento, já que estão eles próprios desprovidos de qualquer senso crítico. Eles perderam a grande oportunidade de mudar a fisionomia desse país. Hoje lamentam a falta de salários, fazem greves partidárias e sem nenhum fim viável a melhoria educacional do país. Perderam as suas referências quando o comunismo ruiu, e agora vivem a propagar uma revolta do proletariado para uma platéia vazia. Não formaram base e estão a reclamar do seu próprio fracasso.


Eu coloco a maior parcela na conta dos professores, porque eles são quem tinham a maior parcela do poder e o melhor instrumento (conhecimento) para modificar e esperaram de braços cruzados e o bonde passou...


Eu falo de "classe", exceções existem em todos os lugares. A classe uniu-se para a greve, para apoio político, etc. Por que não unir-se para propagar conhecimento em alto nível e abrir caminhos nas mentes juvenis?


Professores foram formados por professores... A culpa ainda é deles.
Eu sempre fui do grupo do fundo. E enganam-se os que acham que o grupo do fundo não gosta de estudar, ao contrário o grupo do fundo é o mais perceptivo, ele isola-se diante da incapacidade de percepção de professores e da constatação da sua inutilidade dentro da sala. O professor é que está ali como objeto decorativo.


Os professores que eu tive, davam aulas para o fundo da sala. Quem os professores chamam de interessado, é aquele que tem dificuldades básicas de compreensão, dificilmente um estudante interessado em conhecimento tem essas necessidades e se tiver vai recorrer a professores que tenham condições para isso ou até a auto-aprendizagem. Que adianta recorrer a quem não tem prá dar?


Eu acredito que se os professores que aí estão, decidissem partir para a modificação deste quadro, em menos de 20 anos teríamos, uma juventude bem mais consciente e engajada, com uma nova visão de sociedade. Acredito que sempre é tempo, quando se tem a arma e a disposição para fazer. O tempo é agora.
"Quem sabe faz a hora não espera acontecer”... Geraldo Vandré.




Eu sou produto de Escola Publica (anos 70). Eu não posso admitir que conhecimento seja produto vendável, sei da dificuldade da Escola Pública, mas e a Particular? Onde estão os professores dessas escolas? Eles têm em mãos todas as facilidades e tudo que é necessário a transmissão desse conhecimento. O que falta a eles? Será o próprio conhecimento? Para cada escola pública tem três particulares...


Não seria isso um reflexo da estagnação da classe em relação às decisões políticas, ou melhor dizendo, um apoio da classe a essas decisões? Talvez, a formação Marxista, voltada ao trabalho, tenha contribuído com essa conformidade, esquecendo o conhecimento de verdade?


Não seria então necessária uma atitude mais agressiva por parte da classe, para abalar essas estruturas, em vez de reclamar salários, desnudar a realidade e conseguir assim um maior apoio da sociedade. Contra atacar o sistema e colocar isso como forma de conscientização das partes envolvidas (pais, alunos) criarem uma linha de coincidências com esses, no lugar do confronto (greve, principalmente político-partidária) que deixam os pais com o pé atrás? Somar em vez de dividir?


Não existe força maior que a vontade, não a fé, por que a fé espera recompensas, a vontade por si só move-se. A vontade de um homem tem mais força que a fé de mil, pois a fé de mil espera o milagre acontecer, a vontade de um contagia mil e faz acontecer.


O nosso problema não é o sistema é a falta de um. O sistema político brasileiro é uma salada. Temos um regime presidencialista, onde o presidente pode ser eleito por um partido que tenha representação zero, como pode qualquer governante, num sistema presidencialista, governar nessas condições? A Constituição é predominantemente parlamentarista em seus artigos. Que Sistema político é esse? O medo de uma ditadura engessou qualquer líder carismático que venha a se eleger, mesmo o apoio popular não lhe dá legitimidade e nem os meios para fazer e promover mudanças. Temos no mínimo seis poderes independentes, o Executivo (?), o Judiciário, o Senado, A câmera, a PF e a mídia. Não existe nenhum dispositivo legal capaz de impedir qualquer distorção em nenhum deles. Fazem o que querem corporativamente.


Mas, acredito que se todos os professores se armassem de vontade, certamente mudariam esse estado de coisas, sem disparar um tiro, usando apenas as armas poderosas do conhecimento e formação de seres humanos dignos e com valores mais humanos e éticos.


Desculpem-me a insistência, mais não cabe na minha cabeça a imagem de um professor que trabalha só por trabalhar, apenas para suprir suas necessidades. Esse comportamento mecânico é comum de trabalhadores braçais, em que o intelecto pouco é estimulado, seria como dizer que o médico opera por operar, e isso não ocorre, eu não vejo médicos metidos em greves corporativistas e partidárias. Eles dão tudo dentro de um hospital público, se desdobram para salvar a vida, independente do salário ou condição do hospital. É claro que existem maus médicos, mas esses são a exceção, ao contrário dos professores em que os bons, são exatamente a exceção. O que falta no professor é a vocação (vontade). Essa despreocupação e descaso do profissional com ele mesmo eu não posso admitir.


Minha visão de educação é bem simples, os profissionais de educação é que complicam com suas teorias e métodos. Educar é formar cidadãos, só isso. A simplicidade do educar é que faz a sua grandeza.


O ponto é que exceções geralmente confirmam a regra, no caso dos professores brasileiros, as exceções são a regra. O corporativismo é flagrante. Adianta negar o despreparo dos professores? Se você é uma dessas exceções, se indigne, mostre o quanto a maioria está errada, não os proteja, seja sábio. Mostre a verdadeira face da educação brasileira.


Educar é mostrar o caminho que leva ao conhecimento, e através da demonstração incutir valores éticos e morais, que ajudem a formar cidadãos conscientes de sua importância no desenvolvimento e manutenção do meio em que ele vive. Dar a eles meios intelectuais que os tornem críticos de sua condição perante a sociedade.


Como podemos culpar o aluno? Ele é a vítima nesse contexto, é ele quem mais perde, e simplesmente por que seus mestres não têm a capacidade de lhes transmitir esse diferencial que os tornará conscientes. Eu prefiro dar a conta para o professor, ele tem os meios para isso. Quando você se refere a alunos que não querem nada, geralmente esses alunos são os mais criativos e intrigantes, inteligentes e questionadores. O que falta a eles é o certo direcionamento de suas capacidades.


Diante da mudança de perfil da família moderna, os pais perderam o poder de educar, já que suas atividades foram sendo multiplicadas e seu tempo é cada vez menor. Diante disso, Professores, que também fazem parte dessa família moderna, ou como país ou como filhos, deveriam ter a sensibilidade de perceberem que a maior responsabilidade da formação desses jovens recairia sobre eles. Não perceberam... Resultado, gerações de zumbis educados pela Xuxa, Angélica etc.


Quem está à frente da educação, não é o estado, quem ensina não é o estado, quem ensina são os professores. É essa visão de que o estado tem o poder que leva a educação ao caos, o Estado só paga e inventa políticas educacionais, quem realmente passa isso para o aluno é o professor, e, um professor consciente jamais vai deixar seus alunos serem massa de manobra de um Estado. Sinceramente, eu não entendo como é que o professor não vê, não sente o poder que ele tem, ele é o ser humano mais bem equipado de poder real. O conhecimento é a maior arma que existe e ele detém essa arma e não faz nada com ela, espera que o "Estado" conduza seus passos... Não consigo entender essa cegueira. O Estado é desorganizado e burro. O professor poderia se quisesse perfeitamente se sobrepor ao Estado.


Até os animais ditos inimigos, cuidam dos filhotes de seus predadores, por que teria que ser diferente com o ser humano?


Diante da impossibilidade material dos pais, os professores, como únicos com tempo(o aluno passa em média 4 horas na escola, as vezes é quase o triplo do que o pai passa por semana com o filho)e capacidade para isso, deveriam fazê-lo e com muito orgulho.
O teste para professor é a vocação (vontade), nada mais basta ao professor que isso, amor ao magistério, entrega a esse ideal de vida, esse é o supremo teste do professor. É isso que tira ele da mediocridade de um empregado e faz dele um mestre.
O respeito pelos mais velhos era uma das premissas ensinada pelos pais. Hoje esses pais estão ausentes, eles não mimam seus filhos, eles tentam compensar a sua falta (por necessidade e não descaso) aceitando tudo que eles fazem, é a culpa alimentando o egoísmo da criança, se o professor passasse essa premissa aos alunos isto não ocorreria.
Raciocinemos do principio, início de aprendizado, jardim da infância, criança com três anos de idade é aí que começa a responsabilidade do professor. Não vamos passar para o ensino médio ou fundamental. Pré-Escola. É aí que começa, é daí o primeiro passo.



Manoel Nogueira

terça-feira, 15 de setembro de 2009

PANIS ET CIRCENSES





















Sobre o Orkut
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Não existe sentido em comunidades de sites de relacionamento... Iludimo-nos em pensar que discutimos com alguém, que nossas idéias e conceitos, encontram outras idéias e conceitos e, que neste ambiente, podemos trocar conhecimentos... Tolice! Isso aqui não passa de um grande picadeiro, um circo gigantesco, onde pessoas representam seus papeis.

Uns são palhaços, outros domadores, outros são domados..Pura ilusão! Toda a palavra dita (escrita) se perde no vazio deste palco imenso, onde as pessoas por trás dos teclados e das telas fantasiam uma situação ideal! Onde todos os problemas são apenas simulações, onde todas as soluções são criações baseadas apenas nas simulações...Meros experimentos, exercícios de imaginação, onde a única realidade é a mentira!

Nada existe! Essas são meras manifestações dissociadas de realidade, de existência, de Filosofia... Isto é uma farsa, um grande boteco onde vomitamos os nossos devaneios, desprovidos de qualquer sentido lógico!

Este "vazio superlotado" é a arena onde nos são jogados o pão dormido, embolorado, esse alimento pobre em nutrientes, que apenas ocupa os espaços e nos dá a ilusão de satisfação... Somos a diversão dos que observam, sentados em seus camarins de luxo, ou nas arquibancadas, enquanto matamos as idéias e os ideais em combates verbais.
Uma legião de tolos, que acredita que sabe algo, ou que aprende algo. Não percebe a sua única utilidade:

Divertir a quem de fato detém o verdadeiro conhecimento, o dono do grande circo, a mão que dita o destino dos que se digladiam em idéias agonizantes de um saber inexistente! O senhor da padaria!

Ninguém aqui investiga a realidade, apenas vomita seus conceitos pré-fabricados, mastigados, amassados e transformados em pão, que dormiu na prateleira da confeitaria e agora é oferecido aos pobres de espírito...

Apenas o pão e a diversão são oferecidos de maneira mais elaborada, para atrair os atores (palhaços) mais "inteligentes"!

Emoção e razão precisam andar lado a lado, porém sem interferência ou simbiose. Eu não busco a mera emoção, eu busco também a compreensão!
Eu falo do circo virtual em que nos encontramos...veja que a parcela mais pobre da realidade ainda é mais rica do que o pão desse padeiro!

Não existe alcance crítico, já que os membros dessa sociedade são atores protagonistas de um espetáculo..inclusive eu e minha crítica... Tudo é diversão... "Faz parte".
É por isso que adoro o circo, os palhaços, as cores, os rostos pintados, os narizes vermelhos, os cavalos amestrados...

Que festa!!!!

Manoel Nogueira
Fortaleza, 16/02/2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

PEDRA RARA












Na cabeça mil filosofias
No corpo o raro gosto do pecado
Guarda roupas, essas coisas mortas...
Na estrada
O pé fincado
Um lago,
O laço,
O poço
Até me afogar
Sou pedra preciosa
Rocha, escarpa.
Na avalanche,
Sem nenhuma chance,
Eu quero é me espedaçar
Diante dos aflitos olhos
Que me olham sem me enxergar
Pés no alto
Mãos no chão
Pernas,
Braços,
Corpo
É tudo falso,
Pedaços...
Vou me reedificar
Plantar no ar
O cheiro, a vida
Em gotas tempestais
Ver caindo o espaço
Em poucos traços
Retratar aquele antigo
Amor ilícito
Que rebrilha
Ao por do sol
Até que a sorte venha
E retenha nos meus braços
Abraços, corpos e beijos
E Insomavéis desejos!!!

Manoel N Silva

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

PARIMÉLON, A CRIAÇÃO DO HOMEM.























A criatura


A Criatura, não tem nome. Não tem aparência. É tudo que existe e o que não existe. Não tem idade, pois o tempo não existe fora da criatura. Fora dela nada. Basta-se a si mesma. Tudo que necessita, e a sua existência, acontecem nela e para ela. Todos os processos, imagináveis e não imagináveis, são possíveis a partir de si mesma. Todas as coisas são possíveis à criatura. Ela vive para si e alimenta-se em si mesma.

A composição da criatura é complexa e variada, mas basicamente, compõe-se de uma partícula elementar que chamarei de mélon e de um meio difuso cujo nome é parílima. Existe uma pequena parte da criatura que, devido a um fator alheio ao meio e a si, mas necessário a sua existência, foi criado e vem, desde então, se expandindo. Essa parte é formada por 5% de Protsx, 30% de mélon e 65% de parílima. É a parte da criatura onde se desenvolvem os processos de transformação e formação de matéria e energia, necessários a sua existência como ente. O nome dessa parte é Ptarr. Esse momento da criação de Ptarr, que agora chamarei de Btekan, foi o marco para a evolução da criatura. Ela, que até então, simplesmente existia, a partir de Btekan, iniciou uma série de acontecimentos que “despertaram” nela, num certo momento, a consciência de sua existência. Agora ela sabe que existe.

O “corpo” da criatura é formado por aproximadamente 2/3 de parílima. Parílima é uma substância escura que mantém o equilíbrio. A parílima não parece ter um fim especifico, mas é a partir da parílima que todas as coisas são formadas. Ela é a base de tudo que existe na criatura. Antes do evento do Btekan, só existia Mélon e Parílima. Elas são as responsáveis pela sua existência, se a criatura devesse ter um nome este nome seria Parimélon.

O Mélon é uma partícula elementar de ignição. É uma “faísca” que inicia o processo de transformação da parílima. Sua incidência na criatura é de cerca de 30%, antes do Btekan, era aproximadamente 35%. Os 05% foram gastos na formação de Ptarr. Quando o mélon entra em processo de expansão no seu núcleo, ocorre uma explosão que gera ondas que alteram a parílima, dando origem a átomos, fótons e todas as partículas existentes em Ptarr, inclusive a própria parílima e o mélon. Pois são esses elementos fundamentais que garantem a expansão de Ptarr. Sem eles não haveria como Ptarr expandir-se, já que o mélon assegura a criação dos elementos. Enquanto a parílima está em permanente expansão.

Esse é Parimélon. Único. Magnânimo. Ele sempre se pergunta qual a razão da sua existência. Essa é a sua eterna questão. Como não existe nada além de si, Parimélon só pode achar em si mesmo as respostas. Consciente de sua solidão ele procura nele mesmo a razão de existir. Quem sou eu? Do que sou formado? Se sempre existi e nunca vou terminar, a que fim serve meu existir? O que existe em mim, que justifique minha existência?

Partindo da certeza que apenas ele existe e que além dele nada, Parimélon, começa uma busca interna, pelas respostas que tanto anseia...

O início.

Parimélon, analisando a si mesmo, descobre que a sua composição é estranha. Ele é formado na sua grande maioria por parílima, uma substancia base que não tem aparente função e por partículas de Mélon, que apesar de ativas, não parecem ser de muita relevância a sua existência. Parimélon se detém a analisar esses elementos e, conclui que o Mélon é uma partícula ignitória e a Parílima uma base de formação de outras substâncias e elementos e, ainda, um motor para a movimentação desses elementos. Chegada a essas conclusões superficiais e sem nenhuma razão aparente de sua importância existencial. Parimélon vai mais a fundo e descobre uma pequena parte de si. Essa pequena parte é formada também por uma maioria de Parílima e Mélon. Ele quase desanima... Mas, analisando mais detalhadamente, descobre outra partícula: o Protsx. Eufórico ele se pergunta, seria esse o sentido da minha existência?

Ptarr.

Parimélon, ainda sob forte euforia, começa a desvendar seus segredos. Descobre que nessa parte existe o tempo, algo que não faz parte de sua existência como todo. É interessante descobrir que existe algo dentro dele que tem início e fim. Em Ptarr, (essa parte de Parimélon) a idéia de tempo e espaço existe o que provoca uma grande estupefação em Parimélon, ele se dá conta do que é a eternidade. Ele descobre o finito, o limite, a impossibilidade... Mas a ele, tudo é possível... Seria mesmo?

Ainda envolto nessas reflexões, ele percebe a existência de luz, já não é apenas o vazio, existe a luz. E ele, pela primeira vez, “vê”! Percebe a diferença do escuro e do iluminado. Essa nova descoberta amplia sua percepção. O movimento é percebido, essa claridade “anda”, vai do inicio ao final de Ptarr. Com esses elementos, Parimélon, avança no conhecimento de si mesmo, é possível calcular o tempo de existência de Ptarr e o que causou seu aparecimento. Não justifica ainda a sua própria existência, mas já faz sentido existir. De alguma forma, ele pressente que sua existência está ligada a esse pequeno pedaço de si mesmo. Ele sabe que aqui podem estar as resposta para todas as suas perguntas, ou pelo menos indícios, que o levem ao caminho certo. A investigação minuciosa de Ptarr é a chave da compreensão de si, dos seus mais íntimos segredos... Essa certeza vai tomando conta dele...

Parimélon, avança e descobre que Ptarr é o resultado de uma explosão de uma quantidade significativa de Mélon, cerca se 5% de sua composição, que causou uma reação na Parílima e deu origem a Ptarr. Desde então Ptarr se expande em todos os sentidos, a partir dessa explosão inicial. No início, Ptarr era completamente matéria, e sua temperatura era elevadíssima, a Parílima foi voltando a seu estado inicial e começou a expansão. A parílima é difusa e expandi-se rapidamente consumindo boa parte da matéria inicialmente criada pelo Btekan (explosão inicial, a qual Parimélon, assim nomeou), provavelmente, nos primeiros bilhões de anos de Ptarr, essa expansão se dava de forma mais rápida, do que no presente momento.

Apesar de a Parílima absorver rapidamente a matéria, uma pequena parte dela permaneceu e originou diversos aglomerados de pequenos “blocos” de matéria, que parimélon denominou de Brakten. Parimélon havia progredido bastante, na sua busca em si mesmo, mas, ainda nada justificava a existência dele. Permanecia a certeza de que de nada adiantava existir. Que propósito poderia haver numa existência passiva? Uma contemplação de si mesmo, sem objetivos... Porque só existia ele? Uma sensação estranha de vazio, de infinito, invadiu seus pensamentos... Uma inquietação desesperante o dominou, não entendia o que lhe ocorria... Ele “sentia” que precisava continuar, tinha que avançar mais e mais em seu íntimo... Necessitava desesperadamente de respostas...

Desvendando Ptarr...

Parimélon mergulhou mais profundo em Ptarr, vasculhou cada centímetro e a cada nova descoberta, aumentava sua ansiedade e seu desejo de saber. Eram incontáveis objetos, bilhões e bilhões de formações, matéria, gases, poeira, ondas, energia... Até chegar a um ponto de Ptarr, onde ele percebeu algo diferente do que já havia encontrado. Em um Brakten, ele atentou para uma minúscula formação com um objeto luminoso ao centro e alguns outros ao redor, que davam voltas neste. Aproximou-se e observou atentamente aquela curiosa formação. O objeto central irradiava luz e calor intenso. Examinou detalhadamente os outros objetos ao redor, e para sua estupefação percebeu, em um dos menores objetos, uma estranha aparência e uma energia que parecia emanar nele. Ele sentiu algo como uma pulsação, uma aceleração de movimentos inexplicáveis e inteligíveis a sua razão. Sensações das mais diversas, coisas inexplicáveis e absurdas... Alucinantes e maravilhosas...

Uma nova questão.

Passado um primeiro momento de estonteante surpresa, a calma volta a tomar conta de Parimélon. Ele absorve esse conhecimento “novo”. Vai aos poucos compreendendo toda a estrutura desse mundo. Seus elementos, sua geografia, sua história e seus habitantes. Ele “aprende” o que já sabia afinal, ele é tudo e tudo que existe é ele e nele está contido. Ele descobre que é único mais não é só, existe nele a multiplicidade. A solidão foi descartada. Ele coexiste em si mesmo. Uma nova abordagem de sua existência se faz necessária: seria ele o criador ou criatura? Se ele sempre existiu é natural que seja ele o criador de tudo que existe. Mas se assim o fosse, ele saberia e conheceria tudo que existe e assim não é. Assim sendo, presume-se que a criação independe dele, o que leva a uma nova questão: sendo ele o tudo e o todo e não tendo o conhecimento de tudo e nem do todo, como existe como tudo e o todo, se o tudo não interfere no todo e vice-versa?

Deixando um pouco de lado seus questionamentos, Parimélon se entrega a tarefa de absorver tudo que se refere à Terra, é assim que os seres dominantes(os homens) deste mundo o chamam. Parimélon, por uma questão de coerência, passa a “pensar” em termos e parâmetros do ponto de vista do Homem. Reorganiza seus conhecimentos de acordo com as descobertas humanas e seus pontos de vista. Para isso ele muda toda terminologia de acordo com a da humanidade. Ptarr é o Universo, Btekan é Big Bang, Protsx é átomo e assim por diante...Permanecendo apenas a terminologia original do que não é de conhecimento humano ainda.



O ser humano, a resposta de Parimélon.

Parimélon agora detém o conhecimento humano, a cerca do universo. Volta-se então para os seres que dominam este planeta. Sua história, sua origem e seus anseios.
Tendo absorvido esses conhecimentos, ele se deparou com a grande preocupação da humanidade, ou seja a origem da vida.

O pensamento humano está dividido em duas correntes antagônicas sobre a origem da vida, uma cientifica e outra religiosa. O criacionismo e o evolucionismo são duas propostas contraditórias que dizem respeito à ocorrência temporal de um fenômeno: a origem do homem. A primeira, criacionista radical, adotada pela teologia judaico-cristã, foi expressa com surpreendente precisão pelo bispo anglicano de Armagh, Usher, no final do século XVII, que decidiu, baseado em textos bíblicos, que o mundo tinha sido criado precisamente no ano 4004 AC, juntamente com todas as espécies tal como existem atualmente. A segunda, o evolucionismo, adotada pela ciência, propõe que o universo surgiu há cerca de mais ou menos 13 bilhões de anos atrás, a vida em nosso planeta, com suas formas mais primitivas de organismos unicelulares, há cerca de 3.5 bilhões de anos.

Desde então, até a atualidade, através de inumeráveis transformações e algumas extinções em massa, chegamos a cerca de 30 milhões de espécies de seres vivos, apesar de, até o momento, apenas 1.5 milhão terem sido descritas. Mais impressionante que este número de espécies existentes, é que estes 30 milhões de espécies atualmente existentes representam apenas cerca de 0.1% das espécies que existiram na Terra. Isto significa que cerca de 99.9% de todas as espécies que habitaram o globo foram extintas.

Parimélon, agora ciente de tudo que o homem sabe e deseja, volta-se as suas próprias dúvidas e observações. Ele percebe que a verdadeira questão humana é a conciliação da razão e fé. Desde os primeiros momentos da humanidade o homem busca a sua razão de existir. Sua breve existência não satisfaz seu pensamento. Não há lógica que um ser tão extraordinariamente complexo, tenha uma existência tão efêmera. Tudo que vem do homem é mais duradouro que ele. Sua arte, sua escrita, seus bens, sua casa... Tudo fica e ele vai... Mais para onde ele vai? A morte é o fim? Que sentido existe em viver e morrer, diante da eternidade do universo? Diante dessas perguntas o homem, sem conseguir respostas, criou seus mitos e deuses. Foi assim desde o início, o Homem procurou criar seres extraordinários e imortais, poderosos e controladores de sua existência. Só assim faria certo sentido. Um mínimo de esperança. Ele fazia parte de algo maior, ele era um instrumento nas mãos de seu deus, ou deuses.

Parimélon percebe que a questão humana é a sua própria, apenas os motivos são invertidos. Enquanto o homem não vê sentido na finitude e busca a razão de sua existência, ele não vê sentido na eternidade e busca também a razão de sua existência. Sua busca começa do macro em direção ao micro. O Homem parte do micro em busca do macro. O homem num certo momento encontrou na fé, uma razão para sua existência. Ele agora encontra no homem uma razão para a sua própria. Seria ele, a criação do homem? Teria sido essa fé a sua origem? Seria ele apenas o reflexo dessa crença coletiva?

De certa forma, o seu “despertar” coincide com a origem do homem. A sua consciência parece ter surgido junto com o homem. Mas sendo ele o todo, não poderia ser uma criação da parte. Sendo ele o todo e sempre existido, como não tinha consciência disto? Era ele o Deus da humanidade? Se fosse poderia interferir, modificar, interagir, mas não pode... Então não pode ser Deus. Mas, se não é Deus não poderia ser tudo. Ele é tudo e o todo. Então Deus está nele, mas Deus não existe nele. Logo Deus não existe nem como todo, nem como parte. Se deus não existe, ele também não existe. Então ele só pode existir em razão do homem. Se ele só existe em razão do homem ele vem do homem. Ele é então fruto do homem e da sua fé. Ele finalmente encontrou sua resposta: ele existe apenas para satisfazer a necessidade do homem de justificar sua existência. Sua eternidade é o desejo humano de sua própria eternidade. Parimélon gostaria de partilhar sua descoberta com o homem, mas não pode se comunicar com o homem. Apenas o homem pode interferir em Deus. Deus não pode interferir no homem. O homem criou o mecanismo de bloqueio entre eles. Só do homem parte a iniciativa e jamais de Deus. O homem se certificou que Deus jamais pudesse interferir na vida do homem. Diante dessa impossibilidade, Parimélon é apenas observador, não pode atuar na experiência humana. Todos os seus poderes foram conferidos pelo homem e só lhe é permitido o que o homem determina. Não lhe resta alternativas, senão a observação.

Parimélon agora sabe que sua existência faz sentido. Sua solidão definitivamente acabou. Ele sabe que um dia a humanidade vai desaparecer e com ela desaparecerá a sua consciência. Mas isso não importa. Quem sabe em outras galáxias, outras vidas surgirão, e ele renasça na consciência coletiva destes povos... Não importa! ele é o tudo e o todo, sempre existirá de uma forma ou de outra... Seja consciente ou inconsciente, ele é e sempre será eternamente! Essa é a certeza de Parimélon, o Deus da humanidade.



Fim?

Encontrará um dia, o homem, as respostas as suas indagações?


Descobrirá finalmente a razão de sua existência?


Manoel Nogueira.