terça-feira, 5 de janeiro de 2010

ESCULTURA DA ALMA



- Eu, o que sou?

Sou uma vazia pedra, rocha nua
Que o cinzel do mundo
Cava e modela, risca, constrói
E na noite, que é menor que um instante
Reforma, retoca,  reconstrói
e destrói...
Acordo pedra lisa e durmo arte do mundo
Dia após dia, Sísifo sem pedra,
Refaço a jornada e refaz-me a vida
Estrada perdida, sem passado e sem futuro
Presente correndo, fugindo...

- Eu, o que sou?

Sou o que contemplo no espelho
Da tua face inacabada.
Sou o que projeta meu coração
No vão do tempo a minha frente.
Sou o que escolhe a minha mente
E o que faz a minha mão!

Manoel N. Silva
Fortaleza/2010

2 comentários:

Galatéia disse...

Sabe o somos?

- Continuação. Não existe recomeço... só continuação. Gostei do poema!

Beijokas contínuas!

Carlos Pires disse...

"Começo a conhecer-me... Não existo!" Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)