sábado, 5 de março de 2011

ATÉ QUE EU GOSTO DAS CANÇÕES DO LEGIÃO...



Renato Russo é um retrato em preto e branco da juventude brasileira classe média pós ditadura militar. Jovens com um nível de escolaridade elevado, falavam mais de um idioma( geralmente inglês) e que sem alternativas ideológicas, cultuaram seus medos, seus conflitos morais, a sexualidade exagerada e vomitaram de formas diferentes essa agonia sentimental...Alguns genialmente e debochadamente(Cazuza), outros artisticamente perfeitos (Para-lamas) e outros confusamente, perdidos transitando entre o "bem" e o "mal", Renato é um desses, sem se aceitar, crucificado entre a fé e a sexualidade, esse conflito se reflete nas suas canções...
Essa é a cara da geração deles, não adianta querer buscar no lixo perolas, são as somas das condições históricas e sociais, o contexto das suas vidas. Uma geração vazia, cantada por ela mesma como uma geração vazia, “geração Coca-Cola”, Macdonald, sem ideologias, tomando emprestado de seus pais, ex-revolucionários  que se tornaram burgueses, os poucos ideais que sobraram, embalados pelas histórias do papai, da mamãe, dos seus amigos "coroas": velhas “bixas” desiludidas,  feministas donas-de-casa em tempo integral, velhos “maconheiros” perdidos... Apenas espelhos refletindo as  lembranças e os desejos de outra geração que fracassou nos seus anseios!
Escutem os gritos que essa geração soltou no ar, se não são obras primas, são, no mínimo, os gritos agonizantes de garotos perdidos e sem guias, sem heróis, mergulhando em overdoses de sexo, droga, ansiedade e medo!!!
Apesar "dos discursos não corresponderem aos atos", não é mentira que a piscina dos velhos revolucionários "está cheias de ratos", e atos simbólicos, de queimar bandeiras e cuspir em estandartes, não diferem de tolas canções de ninar para "anjos jogados no mar"...
Acho que esse vazio de qualidade tem muito mais a dizer...

Manoel N Silva

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