sábado, 9 de novembro de 2013

EM QUE CREEM OS ATEUS?



Acho uma tolice discutir crença em ateus. Todos nós, seres humanos acreditamos em algumas coisas que não são totalmente explicáveis. No entanto, o que não acreditamos é em nenhum ser capaz de pensar e criar o mundo. Não porque não haja uma possibilidade ou várias de que exista algo, ou até mesmo um ser qualquer que tenha dado origem a tudo. O problema é que a grande maioria acredita em um ser que nos criou para seu deleite pessoal e que somos seus bonequinhos determinados. Tal concepção é absurda e incompreensível para um ateu. E posso aqui citar vários motivos puramente metafísicos:

1 - Nunca, em lugar nenhum do mundo, conseguiu-se, sequer compatibilizar dois depoimentos sobre uma mesma qualquer visão, revelação ou epifania. Todos os contatos divinos são solitários e em completa impossibilidade de compartilhamento com outros.

2 - Qual seriam os motivos que levariam um ser perfeito, onipotente, onisciente e bondoso a criar seres tão imperfeitos, e mais, tão suscetíveis à maldade, a falsidade, a mentira? E, se mesmo assim os criou, porque permitir tanta carnificina, guerras, mortes absurdas e sem sentido? Enfim, porque liberdade a esse ser determinado e, como esse ser pode ser determinando se ele tem a livre escolha de suas ações?

3 - Eu não acredito em deuses que possam pensar nos seres humanos, que se importe com eles e que lhes tenham dado qualquer determinação. E creio que nenhum crente, seja ele de que religião seja que possua um deus antropomorfizado, que possa sinceramente discordar e provar que tal crença não seja puramente um salto no vazio, sem nenhum suporte lógico, racional ou mesmo instintivo.

 4 - Evidente que não podemos, de maneira alguma provar a inexistência de deus( ou deuses), não há como fazer isso, pois não há provas de sua existência, seria ilógico e irracional tentar provar o que não existe, a não ser como crença de outro, subjetivamente. Não há até o presente momento nada que sustente racionalmente, logicamente e materialmente qualquer existência de um deus. Qualquer afirmação de existência de um é mera aceitação de um desejo de sentido para si mesmo.

5 - Da mesma forma que não há nada que sustente a tese de que o universo veio do nada, que tudo foi obra de um acaso e que somos indeterminados. Assim sendo, a única coisa que me leva a decidir-me por aceitar, por enquanto, esta tese, é simplesmente por que, para o meu raciocínio, não faz nenhum sentido a existência de um criador supremo e bondoso que cria tal condição humana. Só por isso sou ateu.


Manoel N Silva

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

REPOSTA A UMA CRÍTICA FEITA NA INTERNET AO PROCESSO DE VOTAÇÃO ELETRÔNICA E SUA MANIPULAÇÃO PELO GOVERNO PARA SE MANTER NO PODER.



        A grande maioria do povo brasileiro não é esse mar de alienação que pressupõem os intelectuais. Evidente que existe uma enorme dose de alienação e manipulação por parte dos detentores do poder, porém, não é isso que está segurando o PT no poder, muito pelo contrário, é a falta de opções que perpetua o poder. Ou seja, não aparecem alternativas melhores ao que está aí colocado. O PSDB insiste em querer fazer comparações com si mesmo, esquecendo que foi esse "si mesmo" que o povo rejeitou. O PMDB, que poderia ser uma oposição forte insiste em ser o eterno coadjuvante de todos os governos... Já os demais partidos, são expressivamente frágeis para se lançar em uma oposição franca e destemida. Resta ao povo, sem nenhuma opção, sem nenhuma alternativa, ficar com o que menos lhe prejudica, ou seja, o PT.

     A minha preocupação não é com a urna e sim com essas pessoas supostamente competentes e honestas, isentas de alienação e altamente politizadas, que lançam críticas fundamentadas em falácias escandalosas... Essas sim são perigosamente manipuláveis!! 

        O processo eleitoral no Brasil, não é muito diferente de outros países democráticos. A diferença está no processo que é totalmente digital. Mas, seja a urna eletrônica ou o voto manual, se houver pessoas desonestas no interior do processo, haverá sempre o risco de fraude. Diante dessa possibilidade, opto pela urna eletrônica. Ela é mais eficiente na contagem e apuração, reduzindo sensivelmente o tempo de apuração e englobando um número infinitamente inferior de pessoas que fazem parte do processo apurador, consequentemente diminuindo a possibilidade de fraude e aumentando a capacidade de efetiva fiscalização.

    A lógica apresentada para criticar a urna eletrônica é contraditória e revela a pura retorica dos discursos. Já a solução apresentada para evitar fraudes beira as raias do ridículo, visto que se baseia em eliminar o voto e em seu lugar organizar concursos públicos para cargos públicos hoje eletivos. Como, pois, se não confiam nos processos eletivos que usam um sistema moderno e comprovadamente eficaz, como podem colocar suas esperanças em um concurso publico que será organizado e processado pelos mesmos mecanismos do poder vigente e os quais elaboram o mesmo processo eleitoral?

      Outrossim, instigam e conclamam as pessoas a se engajarem, via internet, redes sociais nesse projeto ( concurso publico para cargos eletivos)... Novamente aparece a contradição: a internet é um processo digital com as mesmas possibilidades e sujeito as mesmas manipulações das urnas que captam os votos pelo país...

      E, por fim, a mais falaciosa das falácias, de proporções abissais: Impressão de voto!!! 

Não sei como é que essas pessoas elaboram seus pensamentos e chegam a essas conclusões absurdas! Imaginem só! imprimir o voto é simplesmente eliminar o caráter secreto do voto, que é a base fundamental de uma eleição livre e democrática.

     Além do que, possibilitaria o velho e já decantado voto de cabresto, principalmente nas regiões norte e nordeste. Abriria as portas para a efetiva venda do voto, visto que, com a impressão do voto, o político comprador do voto, exigiria o "recibo" e o eleitor, tendo este impresso, poderia negociar melhor, conseguir um preço mais “justo” nesse mercado...

      Se algum de vocês compartilha dessa ideia “sensacional”, eu sugiro que você se enfileire nas colunas do PMDB e se candidate a uma cadeira nas casas legislativas, certamente você fará uma bela carreira e logo se acomodará em uma confortável cadeira em um órgão qualquer do governo, pois, talento para o discurso vazio e a promessa vã, não lhe falta.

Manoel N Silva

terça-feira, 5 de novembro de 2013

SOBRE ENEM E FILOSOFIA...


Muito me alegra ver uma prova de ciências humanas em que os enunciados, numa significativa quantidade, estão embasados no pensamento filosófico (Marx, Kant, Montesquieu, Bentham, Descartes, Maquiavel, Aristóteles, além de referências a teorias da administração como Fordismo, Taylorismo e Toyotismo) tirinhas e questões éticas e religiosas que foram e são alvo da reflexão filosófica e sociológica.
Outro aspecto que muito me agradou foi o da diversidade de assuntos, saindo daquela mesmice de política e ética (grega clássica) tradicionais e se aventurando pelo pensamento mais aberto, pragmático e liberal (Bentham, Fordismo, Toyotismo). O trabalho já não é enfocado apenas naquela visão marxista da mais valia pura e simplesmente, já se discutem outras visões...
Enfim, me parece ser ponto indiscutível que a filosofia e a sociologia, retomam seus espaços rapidamente, o que era esperado, dada a natureza questionadora dessas disciplinas e seus enfoques críticos que estimulam o desvelamento da realidade e denunciam as manipulações e imposições dos sistemas e ideologias vigentes.
No entanto, é muito desestimulante ver que no sistema de educação publica, principalmente no EM, a aprendizagem e o ensino, na sua prática diária, não acompanharam a velocidade desta retomada que acontece em âmbito geral, na sociedade.
Ficou claro, pelo menos na minha visão, que os conhecimentos cobrados nessa prova do ENEM, apesar de serem perfeitamente adequados e ideais ao nível de ensino ao qual se pretende avaliar, não correspondem ao nível em que o atual sistema de educação pode oferecer aos seus alunos, tanto do ponto de vista qualitativo, quanto do ponto de vista quantitativo.
Do ponto de vista qualitativo, o ponto fundamental é, no meu entender, que professores de filosofia e sociologia sejam realmente qualificados nesta área, ou seja, que não se improvisem professores de outras áreas, cujas práticas e abordagens são diferentes e desvirtuam o aprendizado e o ensino dessas disciplinas. Do ponto de vista quantitativo, fica claro que, dado o volume de questões sempre crescente, em todos os exames oficiais e concursos, no âmbito da filosofia e da sociologia, a atual quantidade de aulas: (1) uma aula semanal, é insuficiente para uma abordagem de conteúdos que atenda a demanda.
Não fosse tudo isso, ainda temos um descaso flagrante das autoridades, haja vista as quantidades ridículas das vagas oferecidas para professores de filosofia e sociologia, neste concurso público estadual, em curso.


Manoel N Silva

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

QUE OPOSIÇÃO?


Uma frase que reflete bem o "pensamento" fisiologista da suposta oposição brasileira é esta que li em num post desses tantos que aparecem por aqui: "NÓS da oposição, que QUEREMOS o PT fora...”.
É fácil identificar ai que essa "oposição" não pensa em termos de Brasil e sim de partido, de pessoas e de grupos. É por essas e outras que a grande maioria da população prefere os desmandos do PT ao fisiologismo e corporativismo da "oposição". Pelo menos, nos desmandos do PT, o verbo é conjugado na terceira pessoa do singular, e o sujeito da frase é o povo e não o PT.
Evidentemente que me oponho à estrutura de governo existente. Estrutura essa que possibilita ações desastrosas e corporativistas. Também me oponho aos meios usados pelo Governo em questão. Porém, não há no horizonte político brasileiro, qualquer alternativa melhor que a que aí está. E, se não houver reformas políticas, que mudem as estruturas eleitorais e fortaleçam o desenvolvimento de partidos políticos fortes e ideologicamente definidos, capazes de construírem propostas consistentes e claramente definidas, o povo brasileiro vai preferir o "menos ruim" e o mais popular.
O comportamento desta "oposição" revela claramente a visão parcial, o desespero da incompetência política. O que ressalta a falta de objetividade e propostas consistentes capazes de enfrentar a consistência, embora muito aquém do possível e mais longe ainda do desejado, dos discursos, ações e propostas desse governo que aí está. No dia que a oposição tiver a consciência de que seu único adversário é ela mesma e o seu corporativismo e fisiologismo, poderá talvez, se em seus quadros ainda sobrarem políticos decentes e competentes, forjar um discurso capaz de convencer o povo brasileiro. Por enquanto, esse discurso é mero foguetório, infelizmente!
Talvez todos os partidos sejam fisiologistas e corporativistas. Mas, no momento em que isso é devidamente incorporado ao discurso, fica difícil qualquer promessa ou esperança de mudança. Política é 90% discurso e 10% ação. É preciso que se articule um discurso capaz de convencer o povo de que esses 10% podem e devem efetivamente ser de interesse dele e não simplesmente do partido.
O grande problema da oposição é que ela não tem um discurso capaz de criar no povo a devida confiança em suas ações. Certamente que no Brasil é pleonasmo. Mas, a política, pensada e exercida conforme seus fins teóricos, não é fisiológica.
Certamente que a política atende a fins particulares e nem poderia ser diferente, porém a totalidade de suas ações deve ser sempre em direção ao todo de uma sociedade, só assim esses fins particulares podem ser alcançados sem prejuízos dos fins coletivos.
O que chamo de fisiologismo e corporativismo não é a busca e a satisfação desses fins pessoais e corporativos e, sim o sacrifício dos fins coletivos em favor desses individuais.
O mecanismo de sedução da oposição é totalmente deficiente. Mas não é só isso, ela não tem uma proposta coletiva, não apresenta solução para o todo da sociedade, seu discurso, embora voltado para isso, revela apenas a prática corporativa. Não é que os Partidos devam enganar com seus discursos, muito pelo contrário, é que eles precisam espelhar a seriedade de seus fins.
E, nesse caso, a oposição não espelha, porque não os tem e ainda por cima revela flagrantemente a sua postura fisiologista. Em contra partida, o Governo, além de ter um discurso coletivo, que convence, as suas ações, embora precárias, reforçam esse discurso e mantém a confiança do povo. Com isso, o povo, embora lendo nas entrelinhas das ações os fins fisiologistas e corporativistas, prefere o que está colocado, diante do discurso vazio e desprovido de ações e confiança da oposição.


Manoel N Silva.

A IDEIA DE HOMEM











"As ideologias são inegavelmente fruto de condições históricas, sociais, econômicas, etc. As ideias não conduzem o mundo; muitas vezes, porém, elas o fazem girar num ou noutro sentido. Pois elas se justificam, se fazem aceitar e, por conseguinte, compartilhar, por meio de outras ideias, entre as quais a ideia do homem é uma das mais poderosas." Francis Wolff

A ideia do homem é nova. A ideia de "cidadão" ou como disse Aristóteles, "zoon politikón" é, no meu entender, muito mais poderosa! Essa ideia de homem, adubada no medievo e nascida na modernidade, exclui o mundo e o outro, diferentemente da ideia de cidadão que interlaça e interliga o homem ao seu meio, tornando-o parte de um processo coletivo de existência.
Mas, concordo plenamente com a mudança de configuração, e por isso mesmo, discordo do poder dessa nova ideia. Ela ainda engatinha e se debate nas malhas do determinismo medieval e está à mercê das correntes do positivismo moderno.
A ideia de homem é ainda um mero rascunho, carece ainda de traços fortes e cores mais nítidas para se fazer valer e superar as dicotomias. Ainda penso que chegaremos a uma versão da ideia de homem que possa inserir o outro e o mundo, sem determinar o eu, rejeitando assim, a pretensão cartesiana: o homem (eu pensante) como principio e fim... E nessa pretensão o homem, como ideia, perde força e se perde na alteridade e no mundo.
O homem na concepção essencialista é determinado. Por isso nos atrai. A segurança da essência nos conforta e nos da um sentido. O homem moderno é órfão, como diria Pascal, está abandonado. Já na concepção existencialista estamos "condenados a ser livres", indeterminados, sem sentido. Absurdamente livres!
Mas, indeterminação e liberdade não são sinônimas. Liberdade não significa necessariamente indeterminação. Somos determinados, na medida de nossa condição orgânica e biológica, química... Isso não significa que não somos livres. Liberdade é, no meu entender, a possibilidade dela mesma e não ela em si mesma. Assim posso ser determinado a viver, mas escolho viver ou não...
Mas, penso que Sartre seja muito radical na sua concepção de indeterminação, materialista demais para a condição humana. Tendo mais para a concepção Camusiana do que para Sartre...Não somos determinados intelectualmente, mas fazemos parte do universo, não estamos aqui alheios ao mundo e a tudo. Não há um criador, mas somos criação.
Desde Kierkegaard, Heidegger, Dostoievski, Nietzsche...o homem e suas angustias, desesperos, absurdos e a incompreensível liberdade! O pior é que não há um "não ser"... Essa é a determinação que gera a absurdez da existência humana.
Costumo dizer que o homem (enquanto ser racional) é uma criança, está no máximo, na pré-adolescência da razão. Quero crer que amadureceremos como seres que pensam e chegaremos a nos compreender e compreender o que é ser humano!


Manoel N Silva