segunda-feira, 4 de novembro de 2013


A IDEIA DE HOMEM











"As ideologias são inegavelmente fruto de condições históricas, sociais, econômicas, etc. As ideias não conduzem o mundo; muitas vezes, porém, elas o fazem girar num ou noutro sentido. Pois elas se justificam, se fazem aceitar e, por conseguinte, compartilhar, por meio de outras ideias, entre as quais a ideia do homem é uma das mais poderosas." Francis Wolff

A ideia do homem é nova. A ideia de "cidadão" ou como disse Aristóteles, "zoon politikón" é, no meu entender, muito mais poderosa! Essa ideia de homem, adubada no medievo e nascida na modernidade, exclui o mundo e o outro, diferentemente da ideia de cidadão que interlaça e interliga o homem ao seu meio, tornando-o parte de um processo coletivo de existência.
Mas, concordo plenamente com a mudança de configuração, e por isso mesmo, discordo do poder dessa nova ideia. Ela ainda engatinha e se debate nas malhas do determinismo medieval e está à mercê das correntes do positivismo moderno.
A ideia de homem é ainda um mero rascunho, carece ainda de traços fortes e cores mais nítidas para se fazer valer e superar as dicotomias. Ainda penso que chegaremos a uma versão da ideia de homem que possa inserir o outro e o mundo, sem determinar o eu, rejeitando assim, a pretensão cartesiana: o homem (eu pensante) como principio e fim... E nessa pretensão o homem, como ideia, perde força e se perde na alteridade e no mundo.
O homem na concepção essencialista é determinado. Por isso nos atrai. A segurança da essência nos conforta e nos da um sentido. O homem moderno é órfão, como diria Pascal, está abandonado. Já na concepção existencialista estamos "condenados a ser livres", indeterminados, sem sentido. Absurdamente livres!
Mas, indeterminação e liberdade não são sinônimas. Liberdade não significa necessariamente indeterminação. Somos determinados, na medida de nossa condição orgânica e biológica, química... Isso não significa que não somos livres. Liberdade é, no meu entender, a possibilidade dela mesma e não ela em si mesma. Assim posso ser determinado a viver, mas escolho viver ou não...
Mas, penso que Sartre seja muito radical na sua concepção de indeterminação, materialista demais para a condição humana. Tendo mais para a concepção Camusiana do que para Sartre...Não somos determinados intelectualmente, mas fazemos parte do universo, não estamos aqui alheios ao mundo e a tudo. Não há um criador, mas somos criação.
Desde Kierkegaard, Heidegger, Dostoievski, Nietzsche...o homem e suas angustias, desesperos, absurdos e a incompreensível liberdade! O pior é que não há um "não ser"... Essa é a determinação que gera a absurdez da existência humana.
Costumo dizer que o homem (enquanto ser racional) é uma criança, está no máximo, na pré-adolescência da razão. Quero crer que amadureceremos como seres que pensam e chegaremos a nos compreender e compreender o que é ser humano!


Manoel N Silva

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