segunda-feira, 19 de novembro de 2018

"MÍMISIS"


Desculpe-me por ser fiel,
Não deixá-la sem dormir
E te fazer feliz...
Perdão por não ser voraz
E me deixar satisfazer com seus beijos
Por matar meus desejos de asas e,
Na gaiola dos teus abraços,
Fazer-me viagem...


Eu sei que isso não importa
E muito menos abre as portas
Que fechei ao fazer do teu corpo
Muito mais que moradia,
Talvez até seja covardia
Essa minha postura
Puro medo da aventura,
Essa desconhecida
Que, parada a minha vida,
Eu tenha feito desse amor
Um ideal de "eudaimonia"
Quando de verdade era apenas
Minha fantasia platônica
Que o transformava em apatia!

Desculpa-me por não ter sucumbido
A menina de coxas lindas e lábios carmesim
E te privar de sentir o medo e o desejo de trair
Ou mesmo a beleza do próprio ato
Transbordando em dor, prazer e pecado,
Eu sei, isso é imperdoável... mas,
É que meu desejo de chão
Suprime minha vontade de voo
Me transformando num pássaro
Que perdeu, não asas, mas o ser
Já que na ânsia de não te perder
Perdi a mim mesmo
Te despi da minha fantasia
E me vesti de você!


Manoel N Silva

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Qual a razão do antipetismo?



    Aquilo que as pessoas estão chamando de  antipetismo e alardeando que a culpa é do próprio PT, por suas falhas administrativas e sua dissociação dos ideais populares, em parte, pode até ser. 
          Diria até que, sem qualquer outra motivação, o comportamento do PT, poderia ter ocasionado uma queda de popularidade, mas não seria suficiente para provocar a eleição de um Bolsonaro. Na minha visão o grande propagador e responsável pelo crescimento exagerado e descabido desse antipetismo, foi o PSDB e a sua incompetência em ser oposição ao PT. 
          Sem discurso e sem propostas concretas, que fizessem frente ao petismo de Lula, optaram por apoiar o desmantelamento do Estado e fomentar a divisão, não ideológica, como seria natural, mas sim, fisiológica, onde prevaleceu o interesse pessoal e corporativo e não o interesse coletivo. 
   Sem apoio e escolhido para ser o culpado de tudo, o PT foi alvo de ataques e perseguições, na sua maioria, injustas. 
           Por isso, na conta desse antipetismo, a maior porcentagem é dos oportunismos e fisiologismos partidários.
         Outra boa parte é histórica, desde a sua fundação o PT, por ser representante dos trabalhadores e historicamente lutar por seus direitos, apoiar sempre as greves e lutas sindicais( afinal o PT nasceu em um 1° de maio), foi sempre odiado pelos empresários, grandes latifundiários e especuladores econômicos.

Manoel N Silva.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

O OUTRO DIA...

   Ontem as forças mais a esquerda sofreram uma grande derrota. Sim, foi isso que aconteceu. Eu espero que, a partir de hoje, essas forças retomem seus lugares, reestruturem seus discursos, retornem ao caminho que leva ao povo, as suas lutas e anseios.  Faço votos de que os partidos políticos, principalmente PSDB, PT, PDT, MDB, procurem firmar suas posições ideológicas, mostrar consistência nos discursos e fundamentos em suas propostas. 
    Que os políticos eleitos mantenham-se coerentes e busquem defender aqueles que lhes elegeram e sigam buscando sempre o bem comum e não mais o que se viu nos últimos anos, quando os interesses corporativos e pessoais foram o norte das decisões políticas e administrativas no nosso país.
     Outrossim, nós, eleitores e cidadãos comuns, que ocupamos os nossos lugares nessa sociedade, também devemos repensar nossas ações e atitudes.
      Precisamos parar de olhar apenas para o nosso umbigo, nossas famílias e amigos, a sociedade é um corpo que funciona organicamente, dependemos uns dos outros para sobreviver e viver dignamente.
     As leis são e devem ser aplicadas a todos, assim como as regras morais, éticas e sociais que elegemos para guiar a convivência em sociedade. Os diversos, as diferenças e os diferentes, devem ser respeitados e aceitos.
         A violência, esse mal supremo que nos ronda, não nasce do nada, ela se fundamente nos nossos preconceitos e nas nossas necessidades mais básicas. Não é o medo o que deve fundamentar o convívio e sim a compreensão, a abertura às diversas visões e, acima de tudo e de todos, o respeito ao outro, seja o outro quem for!!!

Manoel N Silva.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

SALVEM-NOS DA BONDADE DO HOMEM

       Escrever não é o problema que encontro para descrever o momento político em que estou inserido. Isso é fácil e banal. O grande problema é o medo que isso me desperta. É perceber que tudo que vejo e tudo que digo ou venha a dizer, já foi dito e repetido inúmeras vezes. Não existem fatos novos, e nem motivos inéditos que fundamentem a conjectura atual. As sociedades, por diversas vezes, em momentos distintos, já presenciaram e vivenciaram todas as situações que hoje nos são colocadas. Sim, é exatamente por isso que me assalta o medo... se já passamos e vivemos tudo isso, por que abraçamos as mesmas opções e cometemos os mesmíssimos erros? O que falta ao ser humano para aprender com os seus erros e sua história? Qual o motivo que nos leva a trilhar os mesmos equivocados caminhos? 

    Perguntas que jamais deveriam ser repetidas, são hoje  gritadas aos meus ouvidos: como foi possível o nazismo? Como foi possível a inquisição? Como foi possível a escravidão?...

   E o que é pior nisso, é que as respostas são sempre sustentadas pela fé e pela bondade, pela justiça e em nome de deus e da liberdade!!!!

    Oh! Anjo caído, venha nos salvar dessa bondade e desses homens de bem!!!

Manoel N Silva

RETORNO A CAVERNA


Se penso, não sinto...
Pressinto o perigo, o risco
A loucura e o sentido!
Já não me parece incrível
Ou mera fantasia...
O real é uma mentira
Construída na minha mente
E, mesmo que tente,
Ou até mesmo que saia
E supere sem medo
A luz que me fere
Meus gritos serão sussurros,
Aos ouvidos presos na escuridão,
Incomodarão menos que insetos...
E se ouvido, serei calado.
Não existe a chave para os grilhões
Que foram impostos pelas paixões!
Meu verbo será minha sina,
Minha mente a prisão
E meu olhar meu castigo!
Viverei na escuridão da caverna,
Mesmo que meus olhos
Estejam inundados de luz!!!

Manoel N Silva.

domingo, 14 de outubro de 2018

IDEOLOGIA DE ESQUERDA

      Eu não odeio e nem tenho raiva de verdades, adoro a verdade e sinceridade. Não acredito que as lutas  politicas e sociais sejam diálogos dóceis e cheios de afagos e elogios...mas, não é e nem deveria ser, um discurso de ódio e preconceito. Discutir e confrontar ideologias é saudável e natural, na política e na vida. O que não é saudável é esse ódio e o desejo de extermínio do outro e suas ideias. 
     Em momento algum as esquerdas brasileiras abandonaram o discurso democrático. Esse discurso sempre partiu de personas. Sujeitos que  transcendem partidos e ideologias e personificam-se como salvadores e paladinos, cavaleiros andantes de espadas nas mãos. Os partidos políticos, tanto de esquerda quanto de direita, sempre trilharam caminhos democráticos, embora alguns de seus integrantes, individualmente, pensem e ajam diferente. Eu sou de esquerda e defendo a democracia, como única via possível de mudanças sociais no mundo moderno. Asssim como a maioria das pessoas que eu conheço e comungam dos ideais de esquerda, também pensam assim. Sim, existem os radicais e cegos entre nós,  como entre os de direita...mas, em ambos os lados, são a minoria.
   Lutamos para realizar esses ideais. Não para destruir a sociedade em nome de Deus ou do diabo! A democracia é o valor mais caro para a esquerda brasileira que viveu a clandestinidade, a tortura e a morte, nos tempos ditatoriais da nossa história. Portanto, falar em democracia no Brasil, é falar na luta das esquerdas! 
  No mundo todo, as esquerdas são democráticas e apenas em alguns partidos ainda se comunga com um ideal de ditadura do proletariado, uma concepção que só fazia sentido no final do sec XIX e até meados do sec XX. 
  Hoje as ideologias de esquerda são democráticas e suas ideias não são de fundo revolucionário político e sim social. A revolução que as esquerdas atuais buscam é a revolução social, onde as pessoas vivam livres e mais equilibradas no que diz respeito às condições financeiras e sociais. Essa é a ideologia de esquerda e não essa caricatura que os memes descrevem por ai.
    Não. Não existe e nem cabe mais, uma luta pelo poder político baseada em um sistema estratégico puramente teórico e que vise exclusivamente a ideologia. Como coloquei antes, o fim revolucionário não é simplesmente o poder e sim  a mudança (não a destruição) da sociedade. 
   Mudam-se com políticas públicas que abranjam cada vez mais o conjunto da sociedade, educação para todos e de qualidade(ricos pagam, pobres não), estado intervindo sempre na mediação para evitar concentrações de rendas e empobrecimento. Políticas econômicas sempre no sentido de alargar o espectro dos beneficiários da riqueza produzida, sem necessidade de sacrifícios humanos. 
  Enfim, poderia detalhar tecnicamente as medidas e as políticas, mas essa é uma visão geral. Infelizmente para alguns e felizmente para muitos, ricos deverão arcar com maior ônus.

Manoel N Silva

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

O QUE PENSA UM ATEU


Não creio em deuses, mas, compreendo que o homem, perdido nesse mundo sem sentido, entregue a absurdez de uma existência sem propósitos, mergulhe em sonhos e buscas que lhe justifique o viver.
O homem, nessa sua ânsia de sentido, fantasia e cria ilusões de determinação, parindo deuses e neles termina por acreditar e, assim, já preso aos seus delírios, começa a criar conceitos e atribuir a esses o status de verdades absolutas e inquestionáveis.
No entanto, me intriga e espanta a força que essas ilusões ganharam e o quanto se tornaram firmes os conceitos irracionais que tentam justificar a existência de um Deus que pensa e carece de adoração, que se enfurece e destrói sem pena e sem dó, sua criação.
Aceito essa atitude no ser humano, mas, não compreendo como a grande maioria das pessoas, que possuem as mesmas capacidades, os mesmos aparatos cognitivos que eu e, que não raro, são muitíssimos mais capazes e eficientes em apreender e processar informações e impressões que eu, aceitam e se satisfazem com essas fantasias.
Tenho alguns amigos que se tivesse de submetê-los a uma análise comparativa entre a minha capacidade de compreensão do mundo e a deles, certamente as deles seriam infinitamente superiores à minha. No entanto, em se tratando de coisas místicas e religiosas, eles simplesmente ignoram as perspectivas do ponto de vista lógico e racional, para se atirarem irracionalmente as crenças insustentáveis, quando o sensato seria, pelo menos, suspenderem qualquer juízo, se colocarem numa postura coerente de ignorância e incapacidade de apreensão diante de tão frágeis construções intelectuais.
No meu entender, essas atitudes são tentativas de significação, provocadas pelo medo da indeterminação, o desespero e a angustia diante da constatação da pequenez do homem, da completa solidão existencial. Órfão de criadores, o homem, nega sua cognição e seus sentidos e se entrega a doce ilusão de um Deus que lhe guia e ampara.
Eu não consigo conceber-me determinado, fruto de um criador e preso a um destino, um proposito preconcebido, por isso esse meu completo atordoamento, quando me confronto com essa esmagadora maioria da humanidade, que crer, de alguma forma em algum ser fantástico que lhe concebeu a vida e que por tal, exige dedicação, adoração e sacrifício sem nenhuma contestação ou dúvida.
Não. Infelizmente não posso ir contra a lógica, a racionalidade e a história, principalmente esta última, que me mostra que a trajetória humana no mundo, nega qualquer determinação ou destino. Não existem vestígios sólidos, evidencias concretas, ou sequer, uma teoria consistente que nos aponte para uma entidade criadora, de um ser que esteja além do acaso que possa nos ter dado a vida.
A própria vida é uma incógnita! Não existem parâmetros para que o homem possa assegurar com toda certeza, o que é vida e o que não é. Quem poderá afirmar que o inorgânico não é vida? Afinal, o orgânico nada mais é que elementos inorgânicos que se combinam a partir do elemento carbono, então seria o carbono o criador do homem, da vida? Honestamente, só posso afirmar que não sei.
Diante disso, eu deixo tudo em aberto. Não me concebo nada mais do que me apreendo pelos meus próprios sentidos e pela minha própria capacidade cognitiva de processar essas apreensões, sem ressignificá-las ou submetê-las aos meus desejos e anseios de sentido.  Ou seja, sou um ser sem sentido e sem determinação, incapaz de compreender a concepção de criador e/ou me definir criatura, criação.

Manoel N Silva.