segunda-feira, 12 de maio de 2008

O MEU QUINTAL!


Meu quintal é Mágico, não no sentido tradicional dessa palavra, mas, pela diversidade que nele existe, pela sua capacidade de abrigar, em tão pouco espaço, tantas espécies de plantas e pequenos animais, além de mim, esse ser estranho que observa tudo...

É um espaço pequeno, medindo cerca de 60 m², no lado direito está uma lavanderia, destas de mármore, com duas bacias, separadas por uma espécie de rampa ondulada, que é onde se esfrega a roupa... Há sobre este espaço uma coberta em telhas de amianto, e em toda extensão do quintal a uma altura aproximada de 2m existem cordões de nylon que servem como varal...

O piso é em cimento bruto, sem acabamento, em toda extensão ao pé do muro, existe um espaço de cerca de dois metros ladeado por uma mureta de 20 cm, em solo natural, que é onde estão as plantas, minha pequena floresta...minha horta e meu pomar

As águas da chuva que se acumulam, nos minúsculos lagos do cimento sem acabamento, produziram uma camada esverdeada de algas, principalmente na mureta que rodeia o “jardim”. Objetos diversos, um carrinho de mão, enxada, pá, vassouras e um monte de bugigangas, que estão armazenadas, coisas que podem um dia servir para algo, ou nunca serem utilizadas... Estas estão dentro de um pequeno quarto sem portas de cerca de 3 m², uma pequena dispensa de utilidades inúteis.

Existe nele, um mamoeiro, pés de pepinos, alguns pés de quiabos, crótons, gengibre, alfavaca, hortelã, babosa, “capim santo”, erva cidreira, erva-doce e uma infinidade de plantinhas silvestres que nascem aleatoriamente em qualquer local...

Durante todo o dia, uma grande diversidade de pequenos animais, fazem do meu quintal um estranho mundo a parte..logo pela manhã, pássaros urbanos(pardais, lavadeiras, rolinhas) passeiam pelo tapete de algas em busca de insetos e sementes, restos de comida, migalhas que naturalmente se acumulam no quintal. Enquanto isso pequenos lagartos, moradores constantes, passeiam se deliciando com formigas, e claro, as migalhas, pois para eles é bem mais cômodo do que caçar pequenos insetos...

O sol vai iluminado as reentrâncias das plantas e nelas vão surgindo, aranhas, besouros, libélulas começam a “beber” o orvalho que se acumula nas folhas do mamoeiros e em pequenas poças pelo cimento irregular. Borboletas, grilos, louva-deuses... O meu quintal parece fervilhar de existência. A vida é tão presente e diversa que chega a incomodar, sufocar, com sua presença maciça, ela parece querer mostrar que está ali, mesmo que contra todas as adversidades impostas pela natureza e pelo homem, ela sobrevive, adapta-se, insiste, teima em continuar existindo...!

Costumo dizer que ele é um universo em miniatura, o meu mundo particular. Nele aos sábados à tarde, coloco uma cadeira, abro uma garrafa de vinho, coloco música no “microsistem”, e mergulho nele, esse mundo, onde sou senhor, deus determinante da vida, do bem e do mal. sou capaz de esmagar uma formiga sem razão, privar um lagarto de sua comida, destruir a fauna e a flora do meu mundo, apenas ao sabor do meu humor... posso expulsar os pardais, destruir as tarântulas que esporadicamente aparecem, simplesmente por que são feias, cabeludas, assustam minha esposa...então eu pego álcool e jogo nela risco o fósforo e ela vira uma bola de fogo azulada que corre em zigue-zague frenético, eu quase penso que escuto um gemer, um grito de desespero, um urro de dor...mas eu sou deus do meu quintal, sou justo! Isso é apenas minha imaginação... Aos poucos essa bola azulada vai diminuindo o ritmo, e de repente estanca, as chamas tremulam, cedem, vão diminuindo e eu entrevejo negros garranchos que se contorcem, contraem formando uma pequena bolota negra, disforme e de cheiro similar a cabelos e pele chamuscados...tomo um gole...e pego uma pázinha de lixo, recolho aquele bolo inerte, composto de carvão e cinzas e jogo no cesto do lixo... Já não existe tarântula no meu quintal...

Neste Quintal, neste espaço mágico, eu vejo tudo, a sociedade, a vida! Através do meu quintal eu contemplo a modificação diária que a humanidade sofre. Vidas são sacrificadas, espécies se extinguem, outras se modificam, ganham novos hábitos e se adaptam ao quintal... nada é do mesmo jeito...a todo instante o meu quintal muda...a cada sábado à tarde, eu me deparo com um novo mundo, um novo universo, apenas algumas velhas e gordas “lagartixas”, que praticamente se domesticaram e eu,parecem iguais! Elas, já não saberiam viver longe deste quintal, já perderam o instinto, o medo do ser humano, não sabem mais caçar... estariam liquidadas em poucos dias...lá fora no mundo real !!!

Bem, eu me sinto onipotente, uma sensação de poder inimaginável e ao mesmo tempo uma solidão, um vazio tão grande quanto a onipotência que me foi conferida neste universo mágico. Eu tenho todo o controle sobre esse universo, eu posso tudo neste mundo, posso aniquilar desde o simples “lodo” até a maior árvore que existe nele, eu posso de uma hora para outra decretar o fim de toda vida neste pequeno universo. Posso limpar tudo, não sobrará uma erva, uma formiga.... Mas esse pensamento, essa consciência deste poder me congela por dentro! Me aterroriza, eu entro em pânico!

Entre vinho e som, entre lucidez e embriaguez eu questiono o meu poder sobre as vidas deste quintal... Que direito eu tenho de decidir sobre tantas vidas, são milhares, milhões, bilhões se for contar com micróbios e bactérias... Eu olho ao redor e me encolho na cadeira, sinto frio, um arrepio me passa em todo o ser e é como se me arrepiasse por dentro... Eu fecho meus olhos, sinto rodar o mundo, parece que sinto o movimento de rotação da terra ou que sou eu a terra e que giro em torno do meu eixo... Essa sensação de unidade, de onisciência, de onipresença, de integração me apavora! É como se eu sentisse pulsar em mim cada ser, cada minúscula vida que existe neste universo, do qual me faço o centro, e agora, mesmo depois de aberto os olhos, depois de mais um gole, ainda me sinto espalhar pelo quintal... Sinto que estou em cada minúsculo furo, nas frestas dos tijolos, nas folhas das plantas, escorro entre a areia, penetro entre os grãos..sou tudo..sinto tudo!!!!

Meu corpo se dissolve, ele já não existe como corpo é apenas uma idéia na minha mente... Já não existo como forma, eu sou todas as formas eu faço todas as formas, eu tenho todas as formas em mim! Minha consciência se dissolve também, ela se espalha, perde consistência, são tantos pensamentos diferentes, tantos sons, tantas cores, visões oníricas, perspectivas nunca dantes imaginadas, por minha mente... eu vejo de todos os ângulos, em todas as direções e ao mesmo tempo, nada me escapa a visão, eu sou todo sentidos e a sensibilidade é infinita, eu sinto, todos os cheiros, escuto todos os sons, vejo todas as cores..eu sou a consciência de tudo, eu tenho a consciência de tudo... eu já não sou o senhor do meu quintal...eu sou meu quintal!!

Manoel N. Silva

sábado, 10 de maio de 2008

A VIDA E SEU SENTIDO!



Não vou me prender em teorias que expliquem a vida, seu surgimento e qual a mais coerente, a mais lógica, a mais cientifica, a que me deixa mais próximo de uma resposta... Não! O que quero discutir é o sentido que a vida tem e não a explicação física de sua existência... Ela existe. É fato e contra fatos, dizem os mais sábios, não há argumentos... Eu também não os tenho e nem me proponho a tal façanha, a de desmentir a existência da vida...

Bem nesses termos pretendo dar sentido a minha existência, fazer com que ela valha alguma coisa e que cumpra seu objetivo. Tudo Bem... Mas qual a origem da minha vida? Bem, eu nasci como todos nós, portanto tenho a mesma origem de toda humanidade, então a minha vida em si, não tem nada de especial, ela é comum a todos da minha espécie e a outros que não são, como plantas e animais de diversas espécies... Se me separar desses a minha vida não tem sentido, pois a nada sirvo se não me atenho à origem da minha existência, pois só existo por que vivo e, nesse caso a vida é que me dá origem. Independente de sua origem, a vida parece servir a nada...

Mesmo quando nos atemos a teorias metafísicas nos deparamos com a falta de sentido para a vida. Pois mesmo nos iludindo que somos o projeto de uma inteligência superior, ficam muitas lacunas abertas: se somos um projeto de uma inteligência suprema, porque somos tão imperfeitos, defeituosos, mesmo na mais tenra idade, quando nada sabemos?

Se existe um mundo além da nossa percepção e estamos aqui para aprender a viver neste mundo além percepção humana, deveríamos ter alguma consciência deste outro “mundo”, uma lembrança, uma certeza consistente, porque, se fazemos ou iremos fazer parte de um mundo completamente diferente deste, o que aprendemos aqui, se nada do que aqui existe faria sentido lá? Eu poderia aqui desdobrar milhões e milhões de questionamentos sobre isso, mas adiantaria?... Aonde chegaria, se não aonde que já cheguei e aonde tantos outros antes de mim chegaram?

Tenho poucas alternativas para satisfazer minha sede de sentido para minha vida: a primeira é esta de acreditar cegamente, sem questionamentos, que sou um projeto divino e que este meu viver, essa tola existência é um curso para a eternidade... Tenho ainda, a possibilidade de acreditar que sou parte de um “todo”, uma energia universal, como aponta o pensamento oriental... Existem várias interpretações diferentes para o sentido da nossa vida, da nossa existência, mas sempre desemboca numa solução improvável...

Nenhuma destas opções satisfaz minha mente, a lógica me cobra mais, meu cérebro necessita de alguma coisa mais sólida, mais consistente, enfim algo que faça sentido o sentido da minha existência...

Volto a questão que me intrigou: “Independente de sua origem, a vida parece servir a nada...” Pensando nisso desaguei na única resposta que me satisfez quase sem contradições: a vida é um erro! Um erro ao acaso, pois toda a vida diante do inanimado é vil, insignificante, distoante, agressiva... Ela se alimenta da destruição, pois só a destruição mantém a vida... Sem destruição do inanimado não há vida, precisamos modificar todo o meio inanimado para poder viver...

Se observarmos com atenção, a vida é uma aberração gritante, todo inanimado existe eternamente, apenas a vida desaparece por completo, mesmo os vegetais que tem uma vida bem longa, não resistem a natureza inanimada, que sempre luta para erradicar esse erro, esse incomodo erro que desestabiliza o funcionamento das forças naturais inanimadas... Toda matéria orgânica é invasiva e inútil, um simples amontoado de substâncias inanimadas que, por uma acaso se juntaram dando origem a esta, que eu considero como um erro.

Sei que muitos dirão que isto é absurdo, mas só é absurdo se pensarmos como eternos... Seres detentores de uma alma imortal, ou parte de uma energia fundamental que é a origem de tudo.... Essa última me parece ainda mais absurda, como uma energia que não pensa, não tem objetivo nenhum, apenas existe e em tudo está, como se uma explosão tivesse fragmentado em zilhões de pedacinhos e que ela agora esta se recompondo aos poucos, e um dia tudo voltará a ser um, “uno”...o que mesmo será esse “todo”?...qual o sentido disso?

Não me estenderei mais tentando justificar minha teoria, pois não preciso justificá-la, pois que ela por si só se justifica... Sim? Sou arrogante, pois que sou um erro e preciso ser arrogante, agressivo e ter uma vontade ferrenha, só assim sobreviverei aos ataques infindáveis do inanimado, além de ter que disputar com outras vidas esse espaço, pois sendo eu um erro, sempre precisarei lutar para existir, nada será me dado, muito pelo contrário, estarei sempre na corda bamba, a beira do abismo, agarrado com unhas e dentes a vida... ou a natureza corrigirá, não o erro, pelo menos uma insignificante conseqüência dele....a minha existência!!!


segunda-feira, 5 de maio de 2008

Qual a aplicação da Filosofia na vida do homem comum?

“A filosofia é fruto da capacidade do homem de se “admirar” com as coisas.”

(Platão)



De que me serve ler Platão(1) ou Nietzsche(2)? Em que os filósofos podem me ajudar? Ou melhorar a minha vida, no meu dia-a-dia? Para que serve essa tal filosofia? Me deparo sempre com essas perguntas quando falo de filosofia para amigos, colegas de trabalho, pessoas nas ruas, nos bares, nos clubes, que vivem normalmente, absortos em suas vidas, seus afazeres...são absolutamente normais, vivem sob as mesmas regras e as mesmas leis, são pessoas boas, capazes, trabalhadores, cumpridoras de seus deveres, fazem sempre as mesmas coisas, sem se perguntarem por que? Mas, e daí? Que importa se eles perguntam ou não o por que? Sabemos que a vida é isso: nascer, crescer, viver, construir uma família, educar seus filhos, essas coisas que todos sabemos e fazemos automaticamente, sem precisar saber o porquê, pois não precisamos saber disso, elas simplesmente são, é assim que deve ser. Assim era que meus pais faziam e, antes deles, os meus avós e...!

Bem, não lhes parece estranho essa visão? Não existe nada de errado com esse quadro que acabei de descrever? Certamente essas pessoas comuns, que vivem suas vidas sem maiores questões, seguramente me diriam que não, e que é uma bela descrição de uma vida saudável, tranqüila e pacata...

Errado! Isso é o que chamamos de modelo social... Essa é a descrição da sociedade sob o ideal político do sistema em que vivemos. Ela não é real! Ela não existe!
Como? Que absurdo é esse? Como minha vida não existe? Você esta ficando louco?

É nesse ponto, nesse momento que entra a Filosofia, ela pode lhe explicar porque você vive uma ilusão... Ela é a chave para abrir as portas da realidade e iluminar as sombras em que vive o homem comum... É através destas perguntas, o espanto causado pela minha afirmação que a Filosofia começa a entrar e fazer parte da vida, do dia-a-dia, pois é a filosofia a capacidade que o homem tem de “surpreender-se” essa é a palavra mais próxima da tradução do grego, porém esse surpreender-se não é ficar surpreso é quase como perguntar, ficar curioso, são essas três ações juntas(espantar-se, surpreender-se e questionar) que dão vida a filosofia.
Vamos então responder as perguntas geradas por minha afirmação que a realidade descrita não existe:

Veja bem, não é que ela “não exista” ou o homem comum “não exista”, e “não faça” essas coisas como descrevi, muito pelo contrário, ele vive essa realidade e acredita nela como a única que ele pode ter, pois é a única que ele conhece. Bem, ela não existe porque não é a vontade desse homem comum e nem foi ele que a formulou, ele apenas seguiu um modelo pré-estabelecido, que atende aos interesses dos detentores do poder, ou seja, os governantes e seus beneficiários. A realidade que ele vive é uma imposição que lhe chega em forma de ideologia.
Mas então onde está a verdadeira realidade? Perguntar-me-ia o homem comum, e eu lhe responderia ela está dentro de você... Só você pode ver essa realidade, pois ela é o seu desejo, você formula a sua realidade, é o seu pensar, refletir sobre o meio e o mundo em que você vive filosofar sobre sua relação com o mundo, esse exercício de reflexão, esse processo de investigação da realidade é que vai mostrar-lhe o verdadeiro teor da realidade...

Caro leitor, depois dessa pequena explanação sobre a realidade, seria possível ao homem comum, olhar novamente para a sua vida e vê-la absolutamente normal? Achar que tudo está perfeitamente em ordem e todas as suas ações são suas escolhas conscientes? Acredito que não...
Amigos isto é a ação da filosofia, não pensem que filosofia se resume a Livros grossos e empoeirados escritos por senhores sisudos e de cabelos desgrenhados, que viviam isolados em cabanas ou trancados em bibliotecas bolorentas... Pensando... Pensando... A filosofia é o instrumento de investigação que leva o homem a se conhecer e a conhecer o mundo que lhe cerca, a vislumbrar os verdadeiros contornos de sua existência. Não é preciso se embrenhar em leituras e mais leituras de milhares de filósofos e filosofias, afinal, a filosofia é questionamento, é espanto, é surpreender-se, portanto tudo que já foi dito, já foi dito está escrito, pode ser visto e revisto... Filosofia tem que ser algo novo, instrumento de sua própria descoberta do mundo, os livros e os pensadores são apenas as bases, o conhecimento acumulado pela humanidade... Resumindo a filosofia age como uma lente para a visão defeituosa, ela ajusta a realidade e lhe mostra com nitidez as coisas e as ações que implicam em sua vida cotidiana, a filosofia abre seus horizontes, ilumina sua vida com a percepção consciente dos seus atos e causas.

Existem umas palavras que costumo chamar de mágicas... Não! Não são aquelas que mamãe e papai nos ensinaram, “muito obrigado”, “por favor” e “com licença”, não! Absolutamente. As palavras mágicas da filosofia são: “por que?” “como?” “onde” e “o que?”...Essas sim, são mágicas pois nos levam a todos os lugares, se não abrem as portas e nem nos propiciam sorrisos de aprovação, nos levam a fabricar chaves, construir escadas, caminhos, descobrir, conhecer...existir. Enfim, ter plena consciência de nós e do que nos rodeia, sem precisar de intermediários, de tutores ou favores. Assumindo as rédeas de nossa existência e as vantagens e desvantagens que ela nos confia...passando a viver numa realidade e não numa ilusão fabricada, imposta e nos servida sem a nossa participação em sua construção.
Bom, essa é a função e a aplicação da Filosofia no dia-a-dia do homem comum... É mostrar-lhe a sua realidade.

Espero em outras oportunidades detalhar mais e mostrar toda a abrangência e importância da filosofia para a formação e consciência do cidadão. Até breve!!


Notas:

( PPlatão, (Filósofo grego)427 AC, Atenas 347 AC, Atenas Um dos filósofos que mais influenciaram a cultura ocidental, Platão, cujo nome verdadeiro era Aristócles, nasceu de uma família rica, envolvida com políticos. Muitos estudiosos de sua obra dizem que o grego ficou conhecido como Platão por causa do seu vigor físico e ombros largos ("platos" significa largueza). A excelência na forma física era muito apreciada na Grécia antiga e os seus "diálogos" estão repletos de referências às competições esportivas. Platão teve uma educação semelhante à dos jovens aristocratas da sua época, recebendo aulas de retórica, música, matemática e ginástica. Em 387 AC, funda em Atenas uma escola chamada Academia, com uma exigência, escrita na fachada: "Que aqui não entre quem não for geômetra". Em pouco tempo, esta escola tornou-se um dos maiores centros culturais da Grécia, tendo recebido políticos e filósofos como Aristóteles, Demóstenes, Eudoxo de Cnido e Esquines, entre outros. A sua obra conta com 28 diálogos (alguns historiadores dizem que foram 30) basicamente centrados em Sócrates, onde procura definir noções como a mentira (Hípias menor), o dever (Críton), a natureza humana (Alcibíades), a sabedoria (Cármides), a coragem (Laques), a amizade (Lísis), a piedade (Eutífron) e a retórica (Górgias, Protágoras). A forma dos escritos platônicos é o diálogo, transição espontânea entre o ensinamento oral e fragmentário de Sócrates e o método estritamente didático de Aristóteles. No fundador da Academia, o mito e a poesia confundem-se muitas vezes com os elementos puramente racionais do sistema. A atividade literária do filósofo grego compreende mais de cinqüenta anos da sua vida: desde a morte de Sócrates até a sua morte.

( NNietzsche, Friedrich Nietzsche nasceu em 1844 na Alemanha numa cidade conhecida por Röcken. A sua família era luterana e o seu destino era ser pastor como seu pai. Nietzsche perde a fé durante a adolescência, e os estudos de filologia combatem com o que aprendeu sobre teológia: Durante os seus estudos na universidade de Leipzig, a sua vocação filosófica cresce. Foi um aluno brilhante, dotado de sólida formação clássica, e aos 25 anos é nomeado professor de Filologia na universidade de Basiléia.
Durante dez anos desenvolveu a sua filosófia em contacto com pensamento grego antigo. Em 1879 seu estado de saúde obriga-o a deixar de ser professor. Sua voz ficou inaudível. Começou uma vida errante em busca de um clima favorável tanto para sua saúde como para seu pensamento (Veneza, Gênova, Turim, Nice, Sils-Maria...) :Em 1882, começa a escrever o Assim Falou Zaratustra. Nietzsche não cessa de escrever com um ritmo crescente. Este período termina brutalmente em 3 de Janeiro de 1889 com uma "crise de loucura" que, durou até à sua morte, coloca-o sob a tutela da sua mãe e sua irmã.
Estudos recentes atribuem a sua morte um cancro do cérebro, que eventualmente pode ter origem sifilítica. Sua irmã falseou seus escritos após a sua morte para apoiar uma causa anti-semita. Falácia, tendo em vista a repulsa de Nietzsche ao anti-semitismo em seus escritos. O sucesso de Nietzsche, entretanto, sobreveio quando um professor dinamarquês leu a sua obra Assim Falou Zaratustra e, por conseguinte, tratou de difundi-la, em 1888. Muitos estudiosos da época tentaram localizar os momentos que Nietzsche escrevia sob crises nervosas ou sob efeito de drogas (Nietzsche estudou biologia e tentava descobrir sua própria maneira de minimizar os efeitos da sua doença).