domingo, 10 de fevereiro de 2019

ANJOS AMORDAÇADOS



E de repente
meu ponto
Meu Centro
Meu tino
Destino sem fim
Se faz out dor
Nas placas
Nos bancos
Nos flancos
Nos atos
Sem rumo
De algum ator
Me vejo
Sem termo
Sem ângulo
Nos olhos
Nos dedos
Nos medos
Dos que não são
E a ação
Sem fim
Sem função
Se escancara
Na cara
Nos olhos
Nos ferrolhos
Dos sonhos
Sem sentido
E perdido o desejo
Pelejo
Revejo
Retenho
O gosto
O cheiro
O tempero
Das coisas
Das causas
Das esquinas
Em dias de luta
De luto
De delito
Conflito
Entre amigos
Umbigos que brilham
Meninos que trilham
Caminhos escuros
Obscuros ideais
Ideias sem Luz
Nos lábios
Nos atos
Nos fatos
Os rastos
Os ratos
Que caminham
Que se arrastam
Nos buracos
Nos esgotos
Nos sacos
Descartados
No lixo do tempo
As lembranças
Os remorsos
Os ossos
Os dorsos
Os peitos
Todas as costelas
Todos os sinos
Nas igrejas
Todos os divinos
Ensejos
Os beijos sagrados
Os cálices
Limpos
As batinas lavadas
As mãos molhadas
E as consciências caladas
Emudecidas na fé
Anjos sem asas
Para sempre marcados
Para sempre amordaçados
E a canção sagrada
Sempre louvada
Servindo de fundo
Para esse cenário
Mórbido, macabro.

Manoel N Silva

ÍDOLOS DE BARRO



Meu país mergulhou
Na lama dos rejeitos
Queimou nas chamas
Dos descasos e desmandos
Sem sentido dos ressentidos

Hoje somos uma nação
Sem noção de real
Comandante sem moral
Rodeado de ratos e dementes
Senhoras e senhores ridículos

Ídolos e mitos
Nesse ambiente decadente
Desfilam esoterismos e cismas
Sufocam a ciência, a experiência
E exaltam a aparência insípida

Desmontam a esperança
Em nome da escuridão
Elevam o obscuro do moralismo
Despertam o lobo a tempos contido
E lhe oferecem o frescor dos jovens

Alimentam as larvas, eclodem os ovos
Das serpentes do medo e do fascismo
Ameaçam a liberdade e oferecem uma cela
Com janelas para os fundos da história
E a segurança de uma arma na sala.

E a maioria se cala, sem fala
A verdade virou mentira deslavada
E o falso, o inventado, ganhou vida
Saiu dos palcos e dos risos
Para se tornar pilar dos novos idos!

Manoel N Silva.

PONTO DE INTERROGAÇÃO



Penso que o que penso
É só isso mesmo.
É penso, torto, desqualificado.
Pensar talvez seja errado
E cada pensamento seja um fardo
Um engano desvairado
Um engodo, um nó apertado
Uma corda em volta do pescoço
Um esforço vão, um senão
Um desejo sufocado, engasgado
Nas curvas das estradas
Nos becos sem saídas
Nas praças escuras
Nos porões dos navios
Nos esgotos das cidades...
Pensar, quem sabe seja morrer
O pensamento parece faca
Martelo, marreta, porrada
Pensar é corrosivo, destrutivo
É demolição de verdades
Destruiçao de pilares
Subversão da moral
É a nudez da palavra
O descaso aos deuses
Os desejos de asas
Pensar faz mal, é doído
Te leva para trás do palco
Descerra as cortinas
Revela o rosto do palhaço
Te indetermina, desperta
Refaz caminhos, destrói sinas...
Pensar é e talvez não
Mas não é prisão
E nem te leva pela mão...
Pensar é só isso mesmo,
Um ponto de interrogação!!!

Manoel N Silva

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Morpheu apaixonado.


Menina do meu sonho
Não se afobe,
Deixa eu me descobrir,
Não te apresses,
Deixa você descobrir
O que é amor,
Deixa que a tua mente,
Possa decidir o que fazer
Não te iludas com meu saber,
Eu nem sei o que sou
E sequer se sou,
Não te entregues e nem fujas
Só não te decepciones...
Ame-me, se assim for teu desejo
Mas, não se deixe enganar,
Eu não sou mais que humano,
E toda essa fantasia,
Ou agonia de minha ilusão,
Não precisa ser
Eu me satisfaço com
Teu sorriso matreiro,
Eu me realizo no sonho
Do teu engano de menina...




Manoel N Silva