sexta-feira, 2 de agosto de 2019

BROTO MALDITO




Passo os olhos nos feeds de noticias
E não acredito que o que leio
É o que realmente está escrito
Sinto-me arrebatado no tempo
Jogado ao passado,
Num transe esquisito.
Eu grito ao infinito
Eu fito o presente e não enxergo o agora
A hora aparece em preto e branco
Na nevoa da minha memória
E revela a história
Travestida na notícia atual!

A palavra fria
Descreve uma guerra antiga
Perdida na lembrança branca
De uma pomba qualquer
Que pousa, cansada, no aço que voa.
Um rei sem coroa
Uma frase sem rumo
Um mundo sem paz
Um rapaz que olha a janela
Uma menina que se descabela
Não. Não é descalabro, nem ilusão,
É um dedo apontado
É novamente aquele botão vermelho
Que pisca na sala fechada
Sempre ameaça velada
De uma pesada mão
Guiada por uma mente insana.
É aquela flor sem perfume
Aquele espetáculo sublime
Que se avermelha no horizonte
Uma angústia distante
Que se  faz agonia
À luz que nos guia
Não é mais brilhante
Desfaz-se em poeira,
Cinza atômica que aduba
A  árvore da morte.

Manoel N Silva