Só, diante do mundo,
Olhando nos olhos da minha solidão
Sentindo o peso enorme da existência
Percebo o quão densa é a vida!
É como se me movesse em câmera lenta
Ou se estivesse imerso em areia movediça.
Cada ato investe-se de um enorme peso
E de nada adianta me mover,
Todas as escolhas são sem sentido
Mas, absurdamente,
O único sentido é mover-me,
Caminhar sempre adiante, seguir em frente,
Na busca inútil e gratuita pela significação.
Cada passo que dou, carrega o mundo,
Cada gesto é o gesto de uma multidão!
Toda palavra tem valor de vida
E a minha vida, ela mesma, nada vale...
Sinto-me livre! Sou fatalmente livre
Mas, essa liberdade,
De tão plena é absurda e inútil
Todo o valor que ela encerra
É o valor que a responsabilidade agrega
Pois que coloca a humanidade
Nas minhas mãos.
Manoel N. Silva.