Bom! eu não diria que isso tem algo a ver com genes, mas que certamente Pinker está certo, isso está! Ele, a meu ver, só não oferece a tese correta, as justificativas e os argumentos que corroborariam uma conclusão e uma resposta afirmativa a esta indagação, ou seja, se a contrapartida a sua tese é que o meio, as condições sociais, econômicas e políticas, a educação, são as causas de uma maior ou menor capacidade de raciocínio, fica evidente que se pessoas que não tem acesso as ferramentas adequadas para desenvolver essas habilidades intelectuais se reproduzem em numero sempre crescente em relação aos que tem acesso a essas ferramentas, haverá sim, um decréscimo nessas habilidades no computo geral. Assim concluo que se por inteligência entendemos que seja o desenvolvimento da capacidade de raciocínio e a compreensão mais ampla do mundo e das coisas, certamente o fator de crescimento da população que é privada de tal desenvolvimento e a diminuição da que tem esse acesso, justifica e responde afirmativamente a pergunta formulada: Sim, a inteligência média tende a baixar!!!
E, antes que surjam polêmicas a respeito do que seria a inteligência média de uma nação ou de um povo, digo que aqui me refiro àquela capacidade objetiva que se faz presente e atuante no real, ou seja, o avanço tecnológico, científico, cultural e intelectual, na medicina, engenharia, enfim, em todas as áreas de possibilidade conhecimento humano e não aquela capacidade potencial que todo ser humano possui naturalmente, geneticamente, biologicamente. Nesse ponto discordo de qualquer teoria que coloca fatores genéticos e biológicos como determinantes de uma maior ou menor capacidade de desenvolvimento intelectual.
A não ser, claro, quando existem fatores patológicos, deficiências genéticas, ou seja má formação de órgãos e tecidos, células que interfiram fisicamente nestas capacidades potenciais de desenvolvimento intelectual. Comungo com a convicção de que o ser humano é potencialmente igual e que ele nasce em igualdade de condições, quanto ao seu aparato genético e biológico.
As coisas não vivem de si mesmas, elas estão sujeitas ao entorno e, é esse entorno, na minha concepção que torna o desenvolvimento dessa capacidade intelectual possível ou não. Fatores genéticos também podem ser influenciados pelo meio, ou seja, se uma mãe vive em um ambiente degradante da sua constituição física, evidente que a geração de um feto por essa mulher, envolve riscos reais a integridade física e biológica dessa criança e pode sim vir a nascer com deficiências, tanto no seu aparelho motor, quanto no seu aparelho cognitivo.
Quanto aos genes, eles apenas conferem as informações necessárias ao desenvolvimento do ser humano, eles não definem o grau de desenvolvimento, eles são como o manual de instrução do ser humano para que ele se desenvolva, porém se não houver no meio as ferramentas necessárias para esse desenvolvimento, os genes não servem para nada, a não ser passar as características físicas dos seus antepassados, cor dos olhos, cabelos, pele, etc...
Para constatar tal afirmação, basta que levemos em conta as ferramentas disponíveis hoje e as da época de Aristóteles, por exemplo, e todas as dificuldades existentes em épocas mais remotas. Se levarmos isto em consideração veremos que uma "média" de inteligência, hoje se torna muito aquém da média na idade média, apesar de hoje uma criança de oito anos ter acesso a todo o conhecimento humano, ela não consegue desenvolver habilidades tão eficientes quanto os poucos gregos, por exemplo, da época clássica. Mas isso não é tão simples, seria preciso que nós discorrêssemos páginas e páginas de reflexões, comparações e medições, coisa que é impossível aqui, mas, sabendo da capacidade de compreensão de V.Sas. resumo minhas convicções nestes termos gerais e superficiais, certo de que compreenderão minha posição. Mas, não é nada científico ou apoiado em pesquisas rigorosas, é antes uma analise pessoal sobre a história e a historia do conhecimento humano ocidental.
Se é fato ou não, nada mais fácil do que se debruçar sobre a história e fazer as devidas comparações, assim poderemos comparar. Eu, particularmente, estou satisfeito com minhas observações pessoais e minhas análises. Encontro fortes indícios de que a média geral, o conjunto da humanidade, sofreu decréscimo em seu desenvolvimento intelectual.
Meus caros, vamos então reduzir ainda mais para ver se entendemos: Temos cada vez mais especialistas e cada vez menos "clínicos gerais"...portanto, apesar da moderna e avançada tecnologia, da medicina avançada e de todo o conhecimento humano acumulado, o ser humano, na sua individualidade e consequentemente na sua totalidade diminuiu as suas possibilidades de conhecimento. Ou seja, no tempo de Aristóteles, eram facilmente encontrados, numa única "sala", vários gênios, capazes de discutir inúmeros assuntos, de dominar com desenvoltura diversos conhecimentos em diversas áreas... Hoje se colocarmos dez engenheiros em uma sala e pedirmos que eles se unam e façam um projeto de um edifício de dez andares, possivelmente não conseguiremos que eles , juntos, deem conta sequer de projetar uma casa simples quarto e sala, cozinha e banheiro, dado o grau de especialização, ou como diria um já falecido professor de "emburralização", viseira tecnológica...
Bom quanto aos gritos e protestos no que se refere a quantificação da inteligência humana, só tenho a dizer, que não conheço nenhum concurso que não leve em consideração essa medida para "qualificar" satisfatoriamente os concorrentes... sem falar no ENEM, ENAD, Provinha Brasil, Vestibular, Teste de aptidão, Carteira de motorista, enfim....sei lá onde conseguimos alguma coisa se não for passando por uma peneira quantitativa que mede nossas habilidade intelectuais, muito antes das capacidades e habilidades funcionais... mas, falando sério, sabemos que são poucos os que conseguem habilidades para usarem as ferramentas do intelecto e buscarem descortinar a realidade.
O que eu quis dizer é que há uma superficialidade de conhecimentos, por exemplo, um doutor em filosofia hoje, na maioria das vezes, conhece razoavelmente o pensamento de dois ou três filósofos e se especializa em um e desse um ele se fixa uma linha de pesquisa ainda mais especifica como, por exemplo, a questão da liberdade em fulano, o pensamento do jovem sicrano..etc... Não há como negar que houve um enorme acúmulo de conhecimentos humanos, e eles estão disponíveis, no entanto o ser humano de hoje, dada a dinâmica da vida moderna, a falta de tempo, a impossibilidade concreta da reflexão, a facilidade do "self service" e do "one way", cada vez mais o homem, o ser humano, na sua maioria, vive mais superficialmente, sem a necessidade de desenvolver um senso crítico, uma capacidade reflexiva, indagadora, curiosa mesmo e, é nesse sentido, que respondo afirmativamente a essa questão do Pinker, não é uma argumentação solida e indiscutível que ofereço, pois se assim fosse não possibilitaria a discussão, o que ofereço é uma visão, um ponto de observação da realidade, ou seja, lhes ofereço o meu ângulo de visão sobre isso e não uma certeza absoluta, uma tese pronta, fechada e embrulhada, bem ao gosto moderno...Muito pelo contrário, o que lhes ofereço é uma tese em busca de uma antítese e quem sabe resulte numa síntese, mas não necessariamente!
Eu em nenhum momento afirmei que a capacidade potencial humana de conhecer, ou seja, a inteligência do ser humano tenha diminuído, o que diminuiu foi exatamente o uso dela e com isso faz cair a média de desenvolvimento dessa potencialidade, afinal como colocou alguém aí, o cérebro humano, a "máquina" biológica que proporciona o desenvolvimento intelectual é a mesma há mais de 10 mil anos.
O que eu vejo é que há uma reação imediata, sem nenhuma reflexão mais profunda quando alguém faz uma afirmação sobre algo, (o que confirma minha tese..rsrsr) , como se a pessoa tivesse dito uma blasfêmia, um absurdo sem nenhuma lógica...as pessoas estão preguiçosas de raciocinar, de buscar digerir o que se ouve e o que se lê e vê. Eu frisei muito bem que a capacidade intelectual potencial do ser humano é a mesma para todos, todos são capazes de atingir o pleno desenvolvimento de suas capacidades.
O que acontece hoje, devido a zil fatores e entre eles o aumento da massa trabalhadora e da diminuição de acesso dos meios que esses trabalhadores podem fornecer a seus filhos para que eles possam desenvolver suas potencialidades, o maior controle de natalidade existente entre os mais ricos e, portanto, a diminuição da classe mais capaz de proporcionar aos seus filhos o pleno desenvolvimento de suas potencialidades intelectuais, eu respondi afirmativamente a pergunta colocada e, reitero esta minha posição reformulando os termos para que possa talvez ser melhor compreendido, mas sem mudar o sentido:
O desenvolvimento intelectual médio das nações ocidentais diminuiu em virtude de uma maior natalidade entre os mais pobres, pois seus filhos não tem acesso aos meios e as ferramentas necessárias para um desenvolvimento intelectual pleno e, aliado a isso, uma queda da natalidade entre aqueles de classe mais ricas, capazes de proporcionarem a sua prole todos os meios necessários ao desenvolvimento de suas potencialidades intelectuais.
Mas, entendamos bem, não é só isso. Esses dois fatores são dos mais relevantes, porém existem outros tantos que aliados a esses dois fazem diminuir mais ainda o desenvolvimento intelectual da maioria. Pobreza, falta de educação de qualidade, educação dirigida para o mercado de trabalho, formação puramente tecnológica, especialização exagerada, facilidade de informação pronta, máquinas de calcular, computadores, programas de cálculos os mais variados, etc e tal.
Não que eu seja contra isso, absolutamente, porém uma criança de classe operária que não pode e nem tem tempo suficiente para desfrutar de tais ferramentas para seu desenvolvimento intelectual, passará a usá-las apenas superficialmente sem na realidade conhecê-las e empregá-las para simples funcionalidade.
E que fique bem claro que aqui não há nenhum fator genético, a não ser a fatalidade de que a maioria nasce em um meio em que ele não disporá de ferramentas para seu pleno desenvolvimento.
Em defesa da minha visão, só posso dar como exemplo concreto, real e provável, o que a experiência de qualquer um que se disponha a observar mais atentamente ao seu redor, vai comprovar. Ou seja, é visível a olho nú e sem maiores artefatos ou ferramentas estatísticas, a falta de conhecimentos gerais, e das habilidades de manipular informações e delas concluir outras, mal que assola a nossa sociedade, onde uma educação voltada apenas para a funcionalidade, parece atrofiar capacidades, que em épocas não muito remotas, eram incentivadas desde a tenra idade, quando da necessidade pura e simples de brincar, pois que até os brinquedos mais simples, a cerca de 30, 40 anos atrás, exigiam uma maior atividade cognitiva, enquanto que hoje os brinquedos só estimulam a contemplação pura, sem nenhum exercício mental de compreensão ou reflexão. Por isso só tenho a lhes oferecer minha vivência pessoal e minhas observações tiradas, principalmente do contato com alunos de ensino fundamental e médio, mas, também de uma parcela menor de alunos do ensino superior, e de professores que formam minha clientela. Fora isso, que para minha convicção pessoal é mais do que suficiente, aconselho, aos que discordam desta teoria, que em vez de se preocupar tanto com os índices e as medidas usadas, passem a sentir empiricamente os efeitos no dia-a-dia. Afinal, dados são facilmente manipulados, direcionados, distorcidos nas mãos de seus utilizadores. Enquanto que a realidade da experiência, a sensação vivida e experienciada são impossíveis de negação.
Essa minha visão, não é um preconceito ou uma deferência à classe mais pobre, cujo desenvolvimento intelectual está atrelado a sua condição e isso não é de forma alguma depreciativo, visto que não é sua culpa ou de sua escolha tal situação. Ao contrário, a minha concordância com o resultado e não com a causa, (já que na minha visão a causa é puramente contingente) é um alerta, uma crítica a esse modo de vida ocidental que cada vez mais embrutece e escraviza a maioria da humanidade, tornando-a serva de uma minoria estupidamente poderosa e que domina todas as ferramentas de crescimento e desenvolvimento do ser humano.
Por isso frisei no começo que é uma visão pessoal, e que diante da minha própria experiência e dos dados colhidos por meus sentidos e trabalhados pelo meu aparelho cognitivo, sou obrigado a concordar que há uma diminuição na média de inteligência do ser humano, pelo menos naquela parcela que me foi possível observar e experimentar o seu desenvolvimento, ou seja, na minha existência, esse meio século em que vivi, e que foi um período realmente rico em efervescência intelectual e tecnológica, porém, visivelmente decadente, no que diz respeito ao desenvolvimento qualitativo da inteligência de maneira geral.
Quanto a Platão e Aristóteles, eles tinham meios e tempo, suficientes para se dedicarem completamente aos seus estudos e desenvolvimento de suas ideias. É essa a diferença que me faz crer que lá havia mais desenvolvimento intelectual, ou seja, mais possibilidade e mais desafios, mesmo que sem as ferramentas que hoje temos, e talvez por isso mesmo!
Manoel N da Silva