domingo, 7 de agosto de 2016

POR QUE DEFENDO A VOLTA DA DILMA




Não cultuo a personalidade, muito pelo contrário. O problema é que nesse nosso país dos "salvadores da pátria", dos heróis de momento, dos personagens quixotescos, ainda precisamos de "personas" para iniciar processos desmistificadores, despersonalizantes, por mais paradoxal que lhes pareça. Quero a Dilma de volta, não porque ela seja o melhor para o Brasil, mas porque é o melhor que pode acontecer para o Brasil. Sem ela de volta, não haverá reforma nenhuma, voltaremos à estaca zero, e correremos o risco de um "Salvador da Pátria" em 2018, eleger-se. Imaginem um Bolsonaro no poder, por exemplo?
O PT e seus governos, podem não ter mudado o Brasil, mas, deram uma bela mexida na sociedade brasileira, quebrando tabus, e dando início a políticas de resgate cultural e valorização das classes mais baixas, oportunizando acesso à educação superior e tecnológica. Se não avançamos economicamente, culturalmente demos passos largos e, socialmente, também tivemos avanços significativos. O Brasil do PT, é bem mais plural, bem mais tolerante e humanista. Isso eu não posso negar!
Faço também inúmeras críticas ao PT. Por exemplo, o apoio as instituições financeiras, a corrupção que andou solta, a política de alianças que descaracterizou o programa partidário, a incapacidade de fazer andar as reformas necessárias e urgentes, principalmente a reforma política, o adiamento das medidas de ajuste econômico, antes das eleições, e sobretudo, esse segundo mandato da Dilma, que ideologicamente falando, é uma aberração. Pois, juntar no mesmo ministério, esses nomes e partidos que ela juntou, é um aborto político/ideológico.
Mas, a volta da Dilma, seria o empurrão necessário para que se fizessem as reformas que tanto clama o povo brasileiro. Certamente o parlamento teria que aprovar medidas e dar andamento as reformas, possibilitar a governabilidade e ficar atento a sociedade e seus anseios. O povo brasileiro está realmente dividido, isso não podemos negar, mas, não é uma divisão física como quiseram ressaltar alguns, não é um confronto capaz de fazer nascer o ódio que se incentivou por parte daqueles que desejam o caos, é uma divisão meramente ideológica, e mais ainda, o povo tem um ponto de interseção fortíssimo, capaz de uni-los e fazê-los esquecer essas diferenças ideológicas: o desejo de mudanças e o repudio aos políticos e a corrupção por eles promovida e sustentada.
Portanto, a volta da Dilma é o único fator capaz de proporcionar tudo isso, pois ficou claro para todo o povo brasileiro que o governo montado pelo Vice Michel Temer, não tem pretensões de mudar nada, muito pelo contrário, se mostrou um governo retrógrado e conservador ao extremo, suas ações políticas foram todas no sentido de manter um Estado nada republicano. Por trás do suposto viés liberal, aparece a alma oligárquica e o corporativismo.
Basta que vejamos os antecedentes dos seus ministros e principais colaboradores e apoiadores. Não é de se admirar que a rejeição a esse governo ultrapasse a rejeição ao governo da Dilma nos últimos meses que antecederam ao seu afastamento.
A questão é simples, o povo não engoliu o blefe dos jogadores do impeachment, eles não tinham uma mão capaz de vencer a partida, eles jogaram alto no seu blefe e o povo está percebendo isso.  Eles tentaram uma cartada alta, apostaram no apoio das ruas, baseados nas manifestações e no apoio ao impeachment, mas, não tinham cartas na manga, o resultado esperado pelo povo não se concretizou nas ações do governo. O povo está percebendo que foi usado como base para destituir um governo eleito democraticamente e pôr no seu lugar um que não representa o povo e sim interesses menores e corporativos, que tem como patrocinadores, aquelas mesmas velhas figuras que sempre controlaram os jogos de poder nesse nosso grande país.

Manoel N Silva.