sábado, 7 de junho de 2008

Por que é tão difícil pensar em soluções reais?


O filosofar a realidade prática parece que não convém...

Cada vez que coloco uma questão ligada à realidade, ao solucionar de problemas reais, práticos e urgentes da humanidade, sempre me deparo com uma solidão enorme, salvo umas poucas mentes, às vezes talvez por simpatia, me vejo sem alternativas para o diálogo... me parece que o esforço filosófico se concentra em inventar uma realidade sem base prática e idealizar uma humanidade perfeita, divina que caiba nessa realidade produzida nas mentes brilhantes dos pensadores!
Porque, se é a filosofia a paixão dos que buscam o conhecer novo, as soluções para os males que nos afligem, me deparo sempre com essa parede, esse muro erguido entre o passado e o futuro? Entre o novo e o velho? O que afasta esses pensadores de suas realidades, suas vidas presentes, seus problemas diários? Porque temem tanto pensar em soluções?
Porque mergulham na mesmice do que já foi pensado, tentando de alguma forma entender, acatar, comprovar e não contestar, criar, solucionar? Abrirmos-nos ao debate da realidade como ela se apresenta e não como idealizamos que seja em nossas teorias... Ou das teorias mirabolantes e fora de época de outros filósofos. Partir para uma nova tomada de posição, levando em conta não a teoria passada, pois que todas as soluções antigas foram testadas, mas sim uma que leve a tecnologia, a comunicação, o imediatismo da informação, a comodidade, as ciências e o capital... Pois que eles estão aí não são personagens de livros...
Solucionar os problemas é compreender que a humanidade é imperfeita e que toda realidade sempre será imperfeita, o que devemos é procurar diminuir essas imperfeições, buscando um caminho menos egoísta, porém nunca poderemos "criar" uma sociedade perfeita, pois que isso não é humano!
Essa situação me provoca desejo... Uma vontade enorme de fazer o homem entender, que ele é seu predador, que não temos inimigos ocultos... que somos nós os nossos próprios carrascos...que a vida ...a existência é um exercício de luta, mas que podemos, se quisermos, respeitar nossos adversários, tratá-los com um pouco de dignidade, mesmo que seja para abatê-los e vê-los tombar de cabeça erguida..
Frijot Capra nos diz: "o que necessitamos, pois, é de uma redefinição da natureza tecnológica, uma mudança de sua direção e uma reavaliação do seu sistema subjacente de valores. Se a tecnologia for entendida na mais ampla acepção do termo - como a aplicação do conhecimento humano à solução de problemas práticos - torna-se evidente que nossa atenção foi excessivamente concentrada nas tecnologias pesadas, complexas e consumidoras de recursos; mas que devemos agora voltar-nos para tecnologias brandas que promovam a resolução de conflitos, os acordos sociais, a cooperação, a reciclagem"
Mas, isso a meu ver, não é uma solução é uma acomodação! Ele pede ao mesmo tempo que abarquemos a tecnologia, e mais a frente nega, abranda os usos delas, não dá! Se você tiver um celular que consome a bateria em duas horas e outro que consome em 24h, você vai optar pela "pesada" tecnologia... Ele quer limitar o uso da tecnologia, ele quer fazer o homem recuar diante da sua capacidade criativa, isso não combina com a competição natural. Precisaria de um freio antinatural, ou seja, lei, Estado, justiça ou religião, crença! É o pensar retroativo, buscando a solução atrás e não na frente. Temos que parar de construir o futuro igual ao passado, não podemos parar, tudo se movimenta, é dinâmico! Não dá para fotografar o passado e reproduzir no futuro, temos que construir soluções partindo do que já tem para o que vai vir, antecipar o futuro e não predizer, fatalizar..
Temos de um lado a miséria quase que absoluta e de outra a riqueza extrema. É exatamente essa distância que me proponho a pensar em diminuir, essa imagem precisa ser apagada! Não por que me dê medo, mas porque sou eu. É a minha improdutividade gera essa imagem e não ao contrário! Não é a fome que produz a minha geladeira cheia, é sim a minha geladeira, o excesso do que nela tem que produz a fome.
Não tenho medo da minha humanidade não, eu sei que sou isso, eu sei que sou capaz. Eu queria mesmo é que cada ser humano, conseguisse ver isso, conscientizar-se disso! Parar de dar nomes e formas externas aos seus próprios instintos. Quando o homem tiver a completa consciência de sua finitude, de sua inutilidade e de sua capacidade de destruir-se, ele poderá superar-se!!!
É nessa aceitação que nasce a vontade de mudar isso, é exatamente aceitando a morte que nos revoltaremos contra ela. Buscaremos a solução humana, cientifica tecnológica para fugirmos dela ou pelo menos adiá-la o quanto mais for possível! Quando nos agarramos a uma vida pós-morte, essa vontade desaba, nos conformamos com a morte, pois é apenas "passagem"...!
Se eu acredito que minha vida humana é apenas uma passagem, que eu sou o projeto de um algo além e sublime perfeito... Essa situação pouco me importa, na prática....porque me importaria, pois seu eu sei que esses miseráveis amanhã receberão a devida recompensa... Essas abstrações imbecis é que acabam por dificultar cada vez mais as soluções que poderiam acontecer... Ninguém ama por amar, ninguém doa por doar.. temos que esquecer essa utopia, somos realmente mamíferos que raciocinam, apenas isso..não somos projetos de nada e nem de ninguém...
Vejamos uma situação:
Eu tenho dez filhos, sou rico e tenho uma mansão maravilhosa, com todo o conforto, posso pagar-lhes as melhores escolas, terão tudo do bom e do melhor, viverão num paraíso. Reúno-os quando completam uma certa idade (imaginemos que são todos da mesma idade) e digo-lhes: olhe! Agora vocês serão mandados a viver, por um determinado tempo, em um lugar horrível, onde vocês serão responsáveis pelo seu próprio sustento e terão que trabalhar suar segundo a segundo, pelo seu viver... mas não se preocupem isso é apenas um aprendizado, um crescimento pelo sofrimento, agora tem um detalhe, se não apreenderem irão para um lugar pior do que este , irão sofrer as piores torturas.., porém se aprenderem direitinho e se comportarem bem, sem reclamar da vida e fazendo tudo que o papai disser, no final serão recompensados com uma vida maravilhosa de ócio e prazer nesse paraíso...
Será que algum desses meus filhos se importará com seus rivais? Fará algo para cuidar desse lugar imundo?
A solução começa por nos livrarmos dessas crenças, essas escoras... precisamos nos conscientizar que somos apenas mamíferos que pensam, finitos, e só temos essa casa, não existe uma mansão nos esperando e nem um pai bondoso zelando por nós...esse é o começo da mudança do homem, se ele se conscientizar dessa condição, passará a respeitar esse mundo... A dar valor a essa vida... Que é a única que ele tem!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Individualidade e sobrevivência

O homem um ser antropofágico






Partindo de que o homem é realmente isso, esse ser antropofágico... Devemos, pois, filosofar em cima disso e aceitar o homem como ele é , compreendê-lo em sua individualidade, sem sonhar igualdades... ver a sociedade como um meio de sobrevivência e não como fim para a sobrevivência humana, pois que o homem é seu próprio predador... é analisando a agressiva competição e compreendendo essa sede de poder individual, que talvez possamos chegar a compreendermo-nos e a viver em sociedade.

Evoluir é exatamente esse conhecer-se e aceitar-se como indivíduo. Se aceitarmos a nossa natureza selvagem e individualista, poderemos nos construir de forma a conter o troglodita e edificar uma relação social mais justa, já que sabemos o que cada um é capaz, não nos enganaremos com falsas crenças de bondade, saberemos que cada relação de amizade é uma troca que precisa ser justa, ou a outra parte prejudicada, agirá instintivamente para equilibrar a situação, ou seja, vai reagir prontamente com todas as armas que a vida lhe deu...
Poderemos nos compreender e nos aceitar e em conseqüência deste conhecimento da nossa natureza selvagem, construir uma sociedade justa, capaz de satisfazer os mínimos desejos individuais, sem ferir e sem devorar-nos uns aos outros?
Se a Justiça absoluta não existe, o que seria então capaz de ser “justo" para o ser humano? Não pode haver justiça social? Um mínimo de dignidade ao ser humano, como recompensa por enjaular seus monstros primitivos e antropofágicos?
O ser humano não é bom... Ele é mau por natureza instintiva, não esse mal pregado pelo cristianismo, mais esse mal no sentido de competir para sobreviver, a vida é o único bem do ser humano e ele quer vivê-la da melhor maneira possível, não cabe "bondade", "solidariedade" e outros conceitos fraternais... O que precisamos é aceitar isso e eliminar os conceitos que colocam a sua individualidade acima dos outros, isso é o que chamamos de viver em sociedade, conter nossos monstros para que possamos sobreviver...
Apenas nos conscientizando de que precisamos dos outros para sobreviver é que poderemos viver mais justamente em sociedade... Eu sou individualista, eu sou mais eu e sempre fui... Não nego a existência e tampouco me agarro a uma essência que nos colocará como iguais, mesmo em outro mundo... O que existe são animais que pensam... E assim devemos nos encarar... Como animais que pensam... só isso!
Somente tornando-nos conscientes dessa condição nada nobre é que poderemos começar a sepultar o animal e caminha para uma evolução no agir, procurar um caminho coletivo, pois só caminhando juntos a humanidade sobreviverá a natureza, ela não age emocionalmente, ela trabalha mecanicamente, e o homem precisa unir-se para enfrentar e adaptar-se as leis que movimentam o universo...ele não é nada, ele precisa entender isso e parar de achar que algo o espera, nada nos espera, precisamos construir esse algo...
Como havia eu colocado antes, não podemos coletivizar o individuo, pois assim cairíamos no erro da robotização, a produção em série de seres humanos... A robotização. O que precisa é a consciência da nossa própria individualidade, temos uma vantagem sobre os outros seres vivos, que é a racionalidade, ela nos torna capaz de moldar nosso comportamento para sobrevivermos e, o que é que precisamos para sobreviver? Simples, conviver... Esse é o desafio, mas para conviver é necessário associar-se, formar sociedades, o meio que nos levará a sobrevivência, a ganhar a luta pela vida...
Diante desta necessidade é preciso que tenhamos um comportamento menos agressivo e mais "solidário"... É esse comportamento social que chamo de justo. Uma necessidade de relacionarem-se uns com os outros e de interagir com o meio, para resultar numa sobrevivência tranqüila, para todos. É esse o sacrifício que a individualidade precisa fazer, ou continuaremos nessa eterna luta pelo poder individual, eliminando as nossas possibilidades de sobrevivência...