A
incerteza do conhecimento de nós mesmos, vem dessa ilusão de que somos algo
mais do que seres racionais, animais que pensam e interagem uns com os outros,
satisfazendo ou não nossos instintos e desejos.
Quando
satisfazemos esses instintos e desejos, tudo bem, compreendemo-nos e aceitamo-nos,
mas, quando nos deparamos com o outro, com o mundo e isso impede essa
satisfação, aí começam os nossos problemas de identidade, daí nascem nossos desgostos,
sofrimentos, incertezas...etc. Vem então o medo, o desespero, o encontro com o
sem sentido, com a opacidade da vida, então, a tentativa desesperada de
justificar isso: alguns recorrem a fé, a
transcendência. Outros mais racionais, buscam instâncias desconhecidas, Id,
Ego, Superego, consciente coletivo, inconsciente, etc....
Tudo
bem, entendo isso e sou capaz de aceitar esses recursos, afinal, isso os fazem
viverem e serem felizes. Mas, no meu caso, vejo da seguinte forma: Ao me
deparar com o outro e com essa absurdez da existência, busquei me entender e
não culpar o outro ou buscar justificação fora de mim e do mundo. Compreendi
que faço coisas das quais não tenho consciência do porquê, mas, refletindo
sobre isso, compreendi que tenho consciência disso, ou seja, essas coisas que
faço e que não encontro explicação não estão fora de mim e nem são
desconhecidas de mim. Muito pelo contrário, elas são constitutivas de mim
mesmo. Elas não foram sufocadas ou reprimidas, "jogadas" em um local
ou imputadas por um deus, ou frutos de uma consciência coletiva além de mim e
da minha consciência, que afinal, é tudo que somos.
Não.
Essas coisas são o resultado da construção dessa consciência, cada processo emocional
que experimentei foi plenamente consciente, tanto quando satisfeito em meus
desejos quanto quando não e, essas experiências negativas foram construindo a
resistência necessária para que eu fosse em frente. Resistências, defesas
prontas, a minha consciência não mais necessita tomar conhecimento disso, essas
ações são automáticas agora, meu aparato intelectual segue em frente e esse
núcleo que chamamos de "eu", "sujeito" descarta
naturalmente a lembrança do processo construtivo. Por isso fazemos coisas que
não sabemos porque, ou melhor, fazemos coisas que não mais precisamos saber
porque, visto que já é constitutivo de nós mesmos.
Manoel Nogueira
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