sábado, 6 de abril de 2019

NADA SER



Sonhar um ser completo
Sem caber mais nada
Ser somente ser
Uma completude acabada
Um ser em si
Que  nada precisa
E a nada deseja
Não enseja nada
Nem tampouco algo  produz
Já que nada lhe falta
E a nada se conduz
Mas, esse nada é
E somente é em função de ser
E por ser exige  o nada
Que exige uma construção
Porque nada precisa ser nada
Mas nada de qualquer coisa
E essa qualquer coisa é
O que lhe falta
O que deseja
Que seja sem ser
E não sendo, se faça ser
Porque ser em si
Sem nada a faltar
É um nada ser a buscar
Aquilo que não o completa
Mas mesmo assim está lá
É ser
Porque ser é não precisar
É não desejar
É já ser sem complementos,
Sem contingência, sem esperanças
É não sonhar, é não sofrer
É apenas está lá sem necessidades
Ser em si mesmo
Ou seja, sem exterioridade
Sem carências, sem humanidade
Sem essência
Esse ser assim sem fendas,
Sem poros, sem fluidez
É concretude abstrata, forma perfeita
Satisfeita, farta, completa, infinita, imóvel.
Por isso, existir é ser, e só, nada mais.
O Ser não trás devir, já que é plenitude
E tudo que é pleno
É pleno de tudo,
Não há nada que o perturbe
Por isso é absurda a existência
Inumana e sem sentido
Pois ser humano é não ser
É espera, é carência é desejo
É um ser que se fabrica, que se constrói
Um ser sem ser, apenas por ser
Para ser, buscar, caminhos, escolhas
Ser sem ser, ser nada para aparecer
Para si e para o mundo
Ser o não ser do ser para ser sem ser
Porque se sou apenas existo
E se não sou o que sou é liberdade
Não sendo me escolho ser
E mesmo que me escolha não ser
Serei a escolha de não ser
Assim sendo sem ser
Eu sou o nada do ser!

Manoel N Silva

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