quinta-feira, 29 de setembro de 2011

RESPOSTA A PERGUNTA: "Estará a inteligência média das nações ocidentais a baixar porque as pessoas menos inteligentes estão tendo mais filhos do que as mais inteligentes?" STEVEN PINKER


Bom! eu não diria que isso tem algo a ver com genes, mas que certamente Pinker está certo, isso está! Ele, a meu ver, só não oferece a tese correta, as justificativas e os argumentos que corroborariam uma conclusão e uma resposta afirmativa a esta indagação, ou seja, se a contrapartida a sua tese é que o meio, as condições sociais, econômicas e políticas, a educação, são as causas de uma maior ou menor capacidade de raciocínio, fica evidente que se pessoas que não tem acesso as ferramentas adequadas para desenvolver essas habilidades intelectuais se reproduzem em numero sempre crescente em relação aos que tem acesso a essas ferramentas, haverá sim, um decréscimo nessas habilidades no computo geral. Assim concluo que se por inteligência entendemos que seja o desenvolvimento da capacidade de raciocínio e a compreensão mais ampla do mundo e das coisas, certamente o fator de crescimento da população que é privada de tal desenvolvimento e a diminuição da que tem esse acesso, justifica e responde afirmativamente a pergunta formulada: Sim, a inteligência média tende a baixar!!!
E, antes que surjam polêmicas a respeito do que seria a inteligência média de uma nação ou de um povo, digo que aqui me refiro àquela capacidade objetiva que se faz presente e atuante no real, ou seja, o avanço tecnológico, científico, cultural e intelectual, na medicina, engenharia, enfim, em todas as áreas de possibilidade conhecimento humano e não aquela capacidade potencial que todo ser humano possui naturalmente, geneticamente, biologicamente. Nesse ponto discordo de qualquer teoria que coloca fatores genéticos e biológicos como determinantes de uma maior ou menor capacidade de desenvolvimento intelectual.
A não ser, claro, quando existem fatores patológicos, deficiências genéticas, ou seja má formação de órgãos e tecidos, células que interfiram fisicamente nestas capacidades potenciais de desenvolvimento intelectual. Comungo com a convicção de que o ser humano é potencialmente igual e que ele nasce em igualdade de condições, quanto ao seu aparato genético e biológico.
As coisas não vivem de si mesmas, elas estão sujeitas ao entorno e, é esse entorno, na minha concepção que torna o desenvolvimento dessa capacidade intelectual possível ou não. Fatores genéticos também podem ser influenciados pelo meio, ou seja, se uma mãe vive em um ambiente degradante da sua constituição física, evidente que a geração de um feto por essa mulher, envolve riscos reais a integridade física e biológica dessa criança e pode sim vir a nascer com deficiências, tanto no seu aparelho motor, quanto no seu aparelho cognitivo.
Quanto aos genes, eles apenas conferem as informações necessárias ao desenvolvimento do ser humano, eles não definem o grau de desenvolvimento, eles são como o manual de instrução do ser humano para que ele se desenvolva, porém se não houver no meio as ferramentas necessárias para esse desenvolvimento, os genes não servem para nada, a não ser passar as características físicas dos seus antepassados, cor dos olhos, cabelos, pele, etc...
 Para constatar tal afirmação, basta que levemos em conta as ferramentas disponíveis hoje e as da época de Aristóteles, por exemplo, e todas as dificuldades existentes em épocas mais remotas. Se levarmos isto em consideração veremos que uma "média" de inteligência, hoje se torna muito aquém da média na idade média, apesar de hoje uma criança de oito anos ter acesso a todo o conhecimento humano, ela não consegue desenvolver habilidades tão eficientes quanto os poucos gregos, por exemplo, da época clássica. Mas isso não é tão simples, seria preciso que nós discorrêssemos páginas e páginas de reflexões, comparações e medições, coisa que é impossível aqui, mas, sabendo da capacidade de compreensão de V.Sas. resumo minhas convicções nestes termos gerais e superficiais, certo de que compreenderão minha posição. Mas, não é nada científico ou apoiado em pesquisas rigorosas, é antes uma analise pessoal sobre a história e a historia do conhecimento humano ocidental.
Se é fato ou não, nada mais fácil do que se debruçar sobre a história e fazer as devidas comparações, assim poderemos comparar. Eu, particularmente, estou satisfeito com minhas observações pessoais e minhas análises. Encontro fortes indícios de que a média geral, o conjunto da humanidade, sofreu decréscimo em seu desenvolvimento intelectual.
Meus caros, vamos então reduzir ainda mais para ver se entendemos: Temos cada vez mais especialistas e cada vez menos "clínicos gerais"...portanto, apesar da moderna e avançada tecnologia, da medicina avançada e de todo o conhecimento humano acumulado, o ser humano, na sua individualidade e consequentemente na sua totalidade diminuiu as suas possibilidades de conhecimento. Ou seja, no tempo de Aristóteles, eram facilmente encontrados, numa única "sala", vários gênios, capazes de discutir inúmeros assuntos, de dominar com desenvoltura diversos conhecimentos em diversas áreas... Hoje se colocarmos dez engenheiros em uma sala e pedirmos que eles se unam e façam um projeto de um edifício de dez andares, possivelmente não conseguiremos que eles , juntos, deem conta sequer de projetar uma casa simples quarto e sala, cozinha e banheiro, dado o grau de especialização, ou como diria um já falecido professor de "emburralização", viseira tecnológica...
Bom quanto aos gritos e protestos no que se refere a quantificação da inteligência humana,  só tenho a dizer, que não conheço nenhum concurso que não leve em consideração essa medida para "qualificar" satisfatoriamente os concorrentes... sem falar no ENEM, ENAD, Provinha Brasil, Vestibular, Teste de aptidão, Carteira de motorista, enfim....sei lá onde conseguimos alguma coisa se não for passando por uma peneira quantitativa que mede nossas habilidade intelectuais, muito antes das capacidades e habilidades funcionais... mas, falando sério, sabemos que são poucos os que conseguem habilidades para usarem as ferramentas do intelecto e buscarem descortinar a realidade.
O que eu quis dizer é que há uma superficialidade de conhecimentos, por exemplo, um doutor em filosofia hoje, na maioria das vezes, conhece razoavelmente o pensamento de dois ou três filósofos e se especializa em um e desse um ele se fixa uma linha de pesquisa ainda mais especifica como, por exemplo, a questão da liberdade em fulano, o pensamento do jovem sicrano..etc... Não há como negar que houve um enorme acúmulo de conhecimentos humanos, e eles estão disponíveis, no entanto o ser humano de hoje, dada a dinâmica da vida moderna, a falta de tempo, a impossibilidade concreta da reflexão, a facilidade do "self service" e do "one way", cada vez mais o homem, o ser humano, na sua maioria, vive mais superficialmente, sem a necessidade de desenvolver um senso crítico, uma capacidade reflexiva, indagadora, curiosa mesmo e, é nesse sentido, que respondo afirmativamente a essa questão do Pinker, não é uma argumentação solida e indiscutível que ofereço, pois se assim fosse não possibilitaria a discussão, o que ofereço é uma visão, um ponto de observação da realidade, ou seja, lhes ofereço o meu ângulo de visão sobre isso e não uma certeza absoluta, uma tese pronta, fechada e embrulhada, bem ao gosto moderno...Muito pelo contrário, o que lhes ofereço é uma tese em busca de uma antítese e quem sabe resulte numa síntese, mas não necessariamente!
Eu em nenhum momento afirmei que a capacidade potencial humana de conhecer, ou seja, a inteligência do ser humano tenha diminuído, o que diminuiu foi exatamente o uso dela e com isso faz cair a média de desenvolvimento dessa potencialidade, afinal como colocou alguém aí, o cérebro humano, a "máquina" biológica que proporciona o desenvolvimento intelectual é a mesma há mais de 10 mil anos.
O que eu vejo é que há uma reação imediata, sem nenhuma reflexão mais profunda quando alguém faz uma afirmação sobre algo, (o que confirma minha tese..rsrsr) , como se a pessoa tivesse dito uma blasfêmia, um absurdo sem nenhuma lógica...as pessoas estão preguiçosas de raciocinar, de buscar digerir o que se ouve e o que se lê e vê. Eu frisei muito bem que a capacidade intelectual potencial do ser humano é a mesma para todos, todos são capazes de atingir o pleno desenvolvimento de suas capacidades.
O que acontece hoje, devido a zil fatores e entre eles o aumento da massa trabalhadora e da diminuição de acesso dos meios que esses trabalhadores podem fornecer a seus filhos para que eles possam desenvolver suas potencialidades, o maior controle de natalidade existente entre os mais ricos e, portanto, a diminuição da classe mais capaz de proporcionar aos seus filhos o pleno desenvolvimento de suas potencialidades intelectuais, eu respondi afirmativamente a pergunta colocada e, reitero esta minha posição reformulando os termos para que possa talvez ser melhor compreendido, mas sem mudar o sentido:
O desenvolvimento intelectual médio das nações ocidentais diminuiu em virtude de uma maior natalidade entre os mais pobres, pois seus filhos não tem acesso aos meios e as ferramentas necessárias para um desenvolvimento intelectual pleno e, aliado a isso, uma queda da natalidade entre aqueles de classe mais ricas, capazes de proporcionarem a sua prole todos os meios necessários ao desenvolvimento de suas potencialidades intelectuais.
Mas, entendamos bem, não é só isso. Esses dois fatores são dos mais relevantes, porém existem outros tantos que aliados a esses dois fazem diminuir mais ainda o desenvolvimento intelectual da maioria. Pobreza, falta de educação de qualidade, educação dirigida para o mercado de trabalho, formação puramente tecnológica, especialização exagerada, facilidade de informação pronta, máquinas de calcular, computadores, programas de cálculos os mais variados, etc e tal.
Não que eu seja contra isso, absolutamente, porém uma criança de classe operária que não pode e nem tem tempo suficiente para desfrutar de tais ferramentas para seu desenvolvimento intelectual, passará a usá-las apenas superficialmente sem na realidade conhecê-las e empregá-las para simples funcionalidade.
E que fique bem claro que aqui não há nenhum fator genético, a não ser a fatalidade de que a maioria nasce em um meio em que ele não disporá de ferramentas para seu pleno desenvolvimento.
Em defesa da minha visão, só posso dar como exemplo concreto, real e provável, o que a experiência de qualquer um que se disponha a observar mais atentamente ao seu redor, vai comprovar. Ou seja, é visível a olho nú e sem maiores artefatos ou ferramentas estatísticas, a falta de conhecimentos gerais, e das habilidades de manipular informações e delas concluir outras, mal que assola a nossa sociedade, onde uma educação voltada apenas para a funcionalidade, parece atrofiar capacidades, que em épocas não muito remotas, eram incentivadas desde a tenra idade, quando da necessidade pura e simples de brincar, pois que até os brinquedos mais simples, a cerca de 30, 40 anos atrás, exigiam uma maior atividade cognitiva, enquanto que hoje os brinquedos só estimulam a contemplação pura, sem nenhum exercício mental de compreensão ou reflexão. Por isso só tenho a lhes oferecer minha vivência pessoal e minhas observações tiradas, principalmente do contato com alunos de ensino fundamental e médio, mas, também de uma parcela menor de alunos do ensino superior, e de professores que formam minha clientela. Fora isso, que para minha convicção pessoal é mais do que suficiente, aconselho, aos que discordam desta teoria, que em vez de se preocupar tanto com os índices e as medidas usadas, passem a sentir empiricamente os efeitos no dia-a-dia. Afinal, dados são facilmente manipulados, direcionados, distorcidos nas mãos de seus utilizadores. Enquanto que a realidade da experiência, a sensação vivida e experienciada são impossíveis de negação.
Essa minha visão, não é um preconceito ou uma deferência à classe mais pobre, cujo desenvolvimento intelectual está atrelado a sua condição e isso não é de forma alguma depreciativo, visto que não é sua culpa ou de sua escolha tal situação. Ao contrário, a minha concordância com o resultado e não com a causa, (já que na minha visão a causa é puramente contingente) é um alerta, uma crítica a esse modo de vida ocidental que cada vez mais embrutece e escraviza a maioria da humanidade, tornando-a serva de uma minoria estupidamente poderosa e que domina todas as ferramentas de crescimento e desenvolvimento do ser humano.
Por isso frisei no começo que é uma visão pessoal, e que diante da minha própria experiência e dos dados colhidos por meus sentidos e trabalhados pelo meu aparelho cognitivo, sou obrigado a concordar que há uma diminuição na média de inteligência do ser humano, pelo menos naquela parcela que me foi possível observar e experimentar o seu desenvolvimento, ou seja, na minha existência, esse meio século em que vivi, e que foi um período realmente rico em efervescência intelectual e tecnológica, porém, visivelmente decadente, no que diz respeito ao desenvolvimento qualitativo da inteligência de maneira geral.
Quanto a Platão e Aristóteles, eles tinham meios e tempo, suficientes para se dedicarem completamente aos seus estudos e desenvolvimento de suas ideias. É essa a diferença que me faz crer que lá havia mais desenvolvimento intelectual, ou seja, mais possibilidade e mais desafios, mesmo que sem as ferramentas que hoje temos, e talvez por isso mesmo!

Manoel N da Silva

domingo, 14 de agosto de 2011

SOBRE A MP 520 QUE PREVÊ PRIVATIZAÇÃO DA GESTÃO DE HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS


“Pipocam greves e manifestações em todo território nacional, ligadas a Educação, servidores das universidades federais, professores municipais e estaduais...”
 Isso me foi colocado por uma colega de Faculdade, do curso de Filosofia, a Clézia Lima, no facebook , seguido de  um convite para engajar-me em ações que ela está articulando. Respondi a ela que não estava inteirado completamente do caso, iria analisar direitinho, assim por cima, parecia uma proposta de uma gestão terceirizada, não uma privatização... Não gosto de ser levado pela onda... Gosto de ter o controle da minha prancha...
Mas, ao buscar a dita proposta, ou seja, a MP nº 520/2010, que autoriza o Poder Executivo a criar a empresa pública denominada Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares S.A [EBSERH], empresa pública de natureza privada que pretende regularizar a contratação de cerca de 27 mil agentes terceirizados. Os mais eufóricos dizem que é uma privatização dos hospitais públicos federais, entre eles o que me chamou a atenção foi a gestão dos hospitais-escolas e justifica-se plenamente a revolta dos servidores, já que tal gestão, em moldes privados, inviabilizaria várias pesquisas que não são voltadas para o lucro, além de ferir a autonomia das universidades.
Portanto, só por isso, já  acho uma ótima oportunidade para participação consciente da juventude nos processos políticos e sociais desse país, já que o movimento estudantil está muito contaminado pela política partidária. Creio que uma manifestação estudantil, legítima, baseada em reivindicações que são do interesse da comunidade estudantil e da maioria da população brasileira, seria um alerta para o Governo atual que pensa ter o povo nas mãos...
O problema é a contaminação dos movimentos estudantis pelos partidos, as principais lideranças estudantis, os DCE's e a própria UNE, que já foi, nos meus belos dias, sinônimo de autonomia estudantil, hoje é sinônimo de partido político...
No entanto, o estudante não pode e nem deve cruzar os braços... Precisa ir à luta!
É difícil, mas não é impossível... Acredito que as novas gerações estão órfãs de partidos decentes, o PT que era sinônimo de vanguarda e ética deitou com o inimigo... Se prostituiu.
Mas, talvez isso seja bom, pois essa geração pode fazer diferente, buscar um novo modo de agir na política! Seria muito bom se os estudantes saíssem à rua, consistiria em uma forma de colocar novamente os estudantes universitários no lugar que eles devem ocupar, à frente, na vanguarda das mudanças, buscando novos caminhos, fazendo acontecer!! No entanto, deve ser uma luta do estudante, não acho produtivo apoiar ou engordar os movimentos grevistas, acredito que uma ação estudantil tenha que ser autônoma!  É preciso que os estudantes mostrem sua consciência. A sociedade precisa ver o estudante com respeito e não apenas mais uma "maria-vai-com as-outras", como aconteceu nesses últimos vinte anos!
Faz tempo que o estudante não mostra sua cara, a última vez ele foi de cara pintada, serviu de palhaço... Foi massa de manobra nas mãos de certos veículos de comunicação! Essa seria uma boa hora para que as novas lideranças começassem a surgir e ocupar espaço, organizando atos independentes com reivindicações próprias dos estudantes, sem bandeiras partidárias, sem ideologias caducas... Enfim, de cara limpa, lavada, imberbe, erguida com dignidade, sem máscaras e sem pinturas, maquiadas apenas com as cores da justa indignação!

Manoel Nogueira da Silva

domingo, 12 de junho de 2011

“FORÇA E ENTENDIMENTO; FENÔMENO E MUNDO SUPRASSENSÍVEL”



Neste capitulo Hegel diz de uma gênese do entendimento e do objeto.  Assim ele expõe esses dois momentos que se constituem  no processo de entendimento do conceito de matéria e do próprio entendimento do conceito. Ele coloca diversas explicações para o movimento da constituição do conceito.
Hegel define ”matéria” como sendo parte da consciência, estrutura do entendimento. Ela não passa de um conceito.
Aqui Hegel coloca (e nos remete a Leibniz)  que o refletir do entendimento, seu modo, essa multiplicidade é a matéria. A matéria é , portanto, porosa,   tem esse caráter puro. O refletir do entendimento, esse ir e vir da  universalidade e multiplicidade é força, esta que exterioriza a unidade na multiplicidade. Mas, esse exteriorizar demanda outra força. Este movimento e as relações dentro deste encadeamento são a base para compreender o que constitui o mundo.

“Resulta daí que o conceito de força se torna efetivo através da duplicação em duas forças e [o modo] como se torna tal. Ambas essas forças existem como essências para si essentes; mas sua existência é um movimento tal, de uma em relação à outra, que seu ser é antes um puro ser-oposto mediante um outro; isto é: seu ser tem, antes, a pura significação do desvanecer” (HEGEL, FE, p. 101).

Este constituir  da matéria é abstrato, não existe fora da consciência, como um objeto real. É apenas o conceito da matéria. Portanto apreender esse objeto como faz a ciência não se constitui em um conhecimento verdadeiro. Essa primeira lei encontra-se no patamar do entendimento.
O que Kant chama de fenômeno e Platão de aparência, é esse exteriorizar dessa estrutura do entendimento. E mesmo assim, a consciência a toma  como objetiva, isto é, um ”puro Além” no entanto, é vazio este “puro além”, ele não possui realidade. O entendimento toma-o como a lei da existência da matéria.

“Esta diferença como universal é, portanto, o simples no jogo da força mesma, e o verdadeiro desse jogo. A diferença é a lei da força.”(HEGEL, FE, p. 105)

Dessa forma, existem em primeiro lugar fenômenos tais qual a gravitação, a eletricidade, etc. Assim , como leis primeiras, se identificam com o “puro Além”, e este é tomado como realidade. O “puro Além” é a forma da matéria, cuja fonte está  simultaneamente na matéria e no entendimento. Mas no interior dessa pluralidade, se encontram leis especiais e ai está a segunda lei, que nada mais é que contraposição dessas leis primeira no interior da multiplicidade. Essa lei é a abstração da abstração, ela não se remete a existência pura das forças, e sim dos modos de reação delas.
Apesar de ser também uma lei, ou seja, um ser interno igual-a-si-mesmo, anteriormente é igualdade-consigo-mesmo da desigualdade. Esta lei concebe o nível mais abstrato do entendimento. Esse mundo duplo está além da sensibilidade e o que aparece é o  e interior do entendimento. Essa segunda lei se dá  no âmbito do necessário, se contrapõem interior e exterior. Há aqui infinitas determinações das coisas. A infinitude reflete a infinitude na interioridade múltipla das coisas do mundo.
Hegel chega, nesta parte final, ao conceito de razão, pois o entendimento está limitado a reflexão de sua interioridade, portanto, é a razão quem poderá refletir sobre  a consciência-de-si-mesmo.


Manoel N Silva



Bibliografia

G.W.F. HEGELFENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO, Tradução Paulo Meneses com a colaboração de José Nogueira Machado, 2ª edição, Ed. Vozes,  Petrópolis-RJ - 1992

terça-feira, 24 de maio de 2011

VALORES HUMANOS


Grande parte das perguntas da filosofia é destinada ao campo da ética, da moral, dos valores que definem nosso agir no mundo, na sociedade, com o outro e conosco mesmo.
Na Grécia antiga, antes do período clássico, o homem se organiza e age baseado em princípios míticos, e acredita que sua vida é comandada por deuses, no alvorecer da filosofia, lá pelos sécs. VII e VI a.C, filósofos como Tales de Mileto, começam a fundar valores baseados na observação da natureza, ou seja, buscam nas leis da natureza, os fundamentos da moral. A harmonia da natureza deve ser seguida pelo homem no seu agir no mundo.  
Mas, com Sócrates, no séc. IV a.C., o homem começa a ser o centro dos valores morais, ainda não é o individuo como conhecemos hoje, mas, é a primeira noção de individualidade. Foi com os sofistas que a moral começou a se deslocar do âmbito da natureza, da organização natural, representada politicamente pela polis e a ideia de cidadão, e passou a ser uma “medida do homem” (Protágoras e Górgias), aqui já se vislumbra claramente o individuo separado do todo, tanto da natureza, quanto do conceito de polis, cidade-estado, grego.
Na idade média o cristianismo exacerbou essa centralidade do homem e transferiu-o de vez para o centro de qualquer valor a ser desenvolvido, quando definiu  que o homem era  a imagem e semelhança de Deus, e apoiado na teoria platônica das formas. Platão, que dizia ser o conhecimento uma reminiscência da alma, trazida do mundo das formas,  foi resgatado por Sto. Agostinho, através do neoplatônico Plotino, e foi a base de toda a Patrística, corrente de  pensamento que predominou do séc. III até o séc. XII.  
No entanto, com isso fez uma cisão entre corpo e alma e os valores antes centrados na polis, no cidadão,  tomaram uma direção mais individual, pessoal, era uma questão de seguir as regras do cristianismo, o exemplo de deus. Houve uma significativa mudança quando Sto. Tomaz de Aquino resgatou Aristóteles e consolidou a Escolástica que perdurou até o séc. XIV, ele buscou conciliar esta cisão entre deus e homem, alma e corpo, através da razão.
 No fim da Idade média, lá pela primeira metade do séc. XVII Descartes inaugura o pensamento instrumental, racionalista, que separa definitivamente corpo e razão (alma). Deus está afastado do mundo, ele não mais intervém na natureza, não determina os caminhos do homem, ele agora é livre, na esfera do mundo, dessa forma, novamente os valores humanos sofrem modificações, o corpo já não é sagrado, é tratado como simples instrumento, a razão é centro, a “coisa que pensa” é tudo que resta, a única certeza da existência humana, o único elo com deus, o corpo é reles matéria, falho, fraco, impreciso, máquina biológica que serve a toda poderosa razão humana.
Esse pensamento perdura e se fortalece. O homem cada vez mais busca tomar posse do que é seu. Não mais por dadiva divina, mas, por que a sua superioridade racional exige isso, o homem é o senhor da natureza. Ele pode e deve mapeá-la, a razão pode destruí-la e construí-la, basta que a apreenda, compreenda. A razão é senhora absoluta do universo.  
Copérnico, Newton, Galileu acendem as luzes a Europa se levanta iluminada pelo humanismo exacerbado, a revolução industrial projeta esse homem separado da terra, da natureza, capaz de a tudo criar ou recriar. Nasce o homem moderno e seus valores egoístas e mecanicistas, mas, somente até que as bombas atômicas da segunda guerra mundial sobre Hiroshima e Nagasaki, o massacre de judeus, os massacres na África pós-guerra, Coreia, Vietnam, o aquecimento global, a camada de ozônio, a crise do petróleo, a guerra-fria, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Bósnia, Chechênia, Guerras do Golfo...  vieram nos dizer do contrário.
É a crise dos valores, a pós-modernidade, a ressaca tecnológica... O sec XX é marcado pela negação da modernidade, a ciência é colocada em cheque, a tecnologia é fútil, belicosa,  direcionada a economia e não ao homem. Em vez de libertar o homem da servidão, aliviar sua carga de trabalho, cada vez mais o acorrenta, aumenta suas necessidades e o obriga a trabalhar mais e mais, diminuindo seu tempo de lazer, de convívio familiar e social.
A violência explode gratuita, sem sentido e sem direção, preconceitos, racismo, etnocentrismo, intolerância... Não há mais um conjunto de valores capazes de guiar a humanidade, o mundo ouve a palavra globalização, acenam com uma ideia de aldeia global, palavras como ecologia, tolerância, dialogo, preservação passeiam nas telas de TV, nas paginas de jornais e nas ondas de rádio... Nações se organizam em blocos MERCOSUL, UE, ALCA, OTAN, numa tentativa de garantir segurança e barrar a violência irracional que permeia o nosso mundo atual.
Herdamos um mundo carente de valores básicos. Segundo Habermas, o utilitarismo é o que move a nossa ação hoje, o que justifica a ação humana é utilidade: o certo é o que se busca a felicidade, que contribui para a obtenção da felicidade. Ou seja, como nos diz o utilitarismo, felicidade é a ausência de sofrimento. Essa herança pós-moderna é cruel com a criança, com o jovem, visto que o coloca sozinho no mundo, a mercê de “babas eletrônicas” e valores virtuais, abstratos, irreais. O contato humano é mínimo, não existem vínculos reais, a comunicação é intensa, no entanto, virtual e impessoal. Se por um lado temos o conforto dos aparelhos e a segurança dos condomínios, por outro perdemos a capacidade de nos emocionar com o outro, de chorar e sorrir, de sonhar. Não há mais respeito e nem tolerância, pois não nos tocamos, não nos sentimos. Observamos através das telas, captamos através das câmaras. Ouvimos e lemos, não convivemos! Aliás, sequer vivemos...
Eu, particularmente reconceituei o respeito e fiz dele o principal valor para basear meu agir com o outro. Nessa minha conceituação, respeito significa ver o ser humano como igual, seja ele de que cor, raça, sexo, cultura, nacionalidade, posição social, econômica, politica, intelectual. Enfim, qualquer ser humano deve ser olhado de frente e no mesmo nível.

Manoel N Silva.

sábado, 7 de maio de 2011

PERCEPÇÃO EM HEGEL




A certeza sensível é superada e a consciência alcança a percepção quando na  sua experiência os objetos são  apreendidos como verdade na condição de “a coisa de muitas propriedades”. Hegel define esse processo como suprassumir, e ele assim define tal processo:
“O suprassumir apresenta essa dupla significação verdadeira que vimos no negativo: é ao mesmo tempo um negar e um conservar. O nada, como nada disto, conserva a imediatez e é, ele próprio, sensível; porém é uma imediatez universal” (FE, p. 84, §113).

Assim a percepção se dispõe a refletir o ser apreendido imediatamente pelos sentidos. No entanto, já é consciente a certeza de que para que não se desfaça no desvanecer das particularidades, precisa apreendê-lo em sua universalidade. Compreende que ao dizer cadeira está tomando como ser o que permanece de todas as cadeiras particulares, ou seja, a cadeira formal, universal.
Porém nesse novo momento, ainda se revela a imediatez da apreensão desse ser. A essencialidade do universal é somente em relação ao que permanece frente      permanece mediante o que desaparece dos entes singulares. Dessa forma estão colocados indiferentes para a universalidade, ou seja, frente à equivalência enquanto ser. O que há de ser se conserva no universal. Entretanto, é necessário que se estabeleçam diferenças essenciais entre eles, pois se assim não ocorresse, não haveria desvanecimento dos singulares.
Quer dizer, é necessário que no universal sejam guardados tanto a indiferença, que s emantem quando do processo de desvanecimento dos singulares, quanto a diferença  efetiva entre os seres e pela qual inicia o processo contraditório  anterior, onde a certeza sensível não dava conta d as diferenças entre os seres, pois o alcance do seu saber era a imediatez da existência.
Neste momento, se revela outro aspecto já ai presumido, ou seja, a apreensão imediata revela não somente o ser enquanto permanência, mas também a sua diferença, aquilo que lhe distingue de todo o resto. Necessariamente o ser precisa reter em si essa duplicidade, mas, essa relação contraditória ainda é dada imediatamente.  O universal é ao mesmo tempo o permanente e o impermanente. Dessa forma ambas encontram nele sua identidade e simultaneamente se excluem.

Mas, nesse processo contraditório, a consciência se dá conta de um que de inverdade. A consciência  tem ciência  da ilusão, dessa forma, nos diz Hegel, seu critério de verdade é a igualdade-consigo-mesmo, e seu procedimento é apreender o que é igual a si mesmo. Como ao mesmo tempo o diverso é para ela, a consciência é um correlacionar dos diversos momentos de seu apreender. Mas se nesse confronto surge uma desigualdade, não é assim uma inverdade do objeto “pois ele é igual a si mesmo, mas [inverdade] do perceber” (FE, p.86, §116).
Após esse processo a percepção se torna dona de um saber condizente com essa nova conceituação de objeto. O desenvolvimento  de sua experiência se fundará na sua tentativa de manter o objeto idêntico a si mesmo, mediante um artifício qualquer para subtrair deste o elemento que lhe faculta essa oposição interior.

Manoel N Silva


Bibliografia

G.W.F. HEGELFENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO, Tradução Paulo Meneses com a colaboração de José Nogueira Machado, 2ª edição, Ed. Vozes,  Petrópolis-RJ - 1992

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sobre os "mistérios" acerca da morte de Bin Laden e a destinação dada ao corpo.



Disseram o mesmo de Che quando ele foi morto na selva... Uma coisa é certa, podem acreditar, o homem está morto!
Não é uma comparação! Jamais iria comparar Laden com Che... Foi apenas uma observação quanto ao modus operandi de forças governamentais quando se trata da morte de pessoas que podem despertar ondas de protestos e violência, essa não visualização do corpo gera impotência entre os seguidores, ficam com a impressão de que não aconteceu e isso paralisa, inviabiliza qualquer ação mais violenta, pois fica sem sentido, não há objeto real(o corpo).
Depende agora da humanidade fazer dele um defunto ou uma lenda! Acredito que muitos idiotas vão aparecer inventando lendas e histórias mirabolantes. Bush não matou Bin Laden porque era essa busca, esse medo de novos ataques, que garantia os recursos para manter a invasão iraquiana e sustentava seu governo. Obama viu agora que seria exatamente essa morte que poderia lhe gerar dividendos políticos, fez, simples! nada sobrenatural e nem misterioso, simples política, jogo de interesses, conveniência!
Essa onda de especulações e suposições ajuda a manter essa imobilidade, gera dúvida entre aqueles que realmente podem agir e causar violência. Pior do que qualquer duvida ou especulação é dar ao inimigo motivos materiais para que ele se agarre e com isso possa realizar, objetivar sua dor, sua revolta. Imaginem a comoção que seria, uma imagem de Bin Laden, indiscutivelmente clara em rede mundial? o que isso provocaria nos países em que os fundamentalistas muçulmanos detém o poder?
Só idiotas podem cogitar que fossem mostrados, o corpo ou qualquer outra prova material, como fotos e vídeos!
Portanto, senhores se contentem como o que foi dito e divulgado pelo governo americano, que já foi muito, na realidade se Obama não precisasse tranquilizar os americanos e principalmente do apoio politico, ele talvez nem tivesse divulgado tal morte, seria o mais coerente, bastava que os seus seguidores mais próximos e o governo americano e seus aliados soubessem disso.
Não há motivo para que a massa saiba de tais fatos, ela costuma ser bondosa com os mortos, tendem a perdoar e minimizar seus atos enquanto vivo!
Eu nunca acreditei nos EUA, que fique claro, ou em qualquer outra fonte, eu simplesmente analiso fatos e situações, momentos históricos, contingências, contextos e daí reflito e elaboro minhas análises e concluo sobre  a questão que foi colocada. Nesse caso, não resta a menor dúvida de que o homem está morto.
Agora vocês podem  elaborar seus contos de fadas e fazerem suas estorinhas, garanto para vocês que não serão  as única e, nem as mais complexas, haverá pessoas de muito mais talento e projeção que farão bem mais complexas e melhores que vocês...

Manoel N Silva

terça-feira, 3 de maio de 2011

A Certeza Sensível em Hegel



É o primeiro momento da consciência natural, aqui o sujeito ainda não tem consciência de si, o conhecimento está fora, é algo exterior, independente, embora haja já uma gradativa relação que leva a consciência do objeto (Em-si) ao seu próprio saber (Para-si), que irá resultar na anulação da “coisa em si” de Kant, chegando à consciência ao reconhecimento de si mesma no objeto de seu conhecimento.
Nesse momento inicial a consciência é somente percebida separadamente, sujeito do objeto e certeza da verdade, pois ainda não há uma consciência de si mesma.  A consciência não concebe ainda seu saber e a verdade, imagina ser igual, uma relação sem mediação, uma apreensão imediata do objeto. Mas aí já há um indicio de mediação, essa separação sujeito/objeto, é, como coloca Hegel, a "diferença capital".
Nesse primeiro movimento da consciência natural, a certeza sensível tem convicção de que seu saber é rico, pois é imediato, se dá sem nenhuma mediação, ela se acha capaz de apreender qualquer coisa no espaço (isto) e no tempo (agora). No entanto, é um saber pobre para “nós” (os filósofos) que estamos reconstruindo o caminho da consciência natural, pois ao buscar a concretude, o material, ela perde-se na universalidade e se vê diante de uma diversidade onde apreendia apenas a singularidade.
Na tentativa de viabilizar seu saber, a certeza sensível primeiramente, encontra no objeto a essencialidade, é onde está o saber imediato.  Desse modo, na dimensão do tempo, facilmente se refuta a afirmativa da certeza sensível de que o agora, por exemplo, é noite, visto da impermanência de tal estado, noutro momento o agora é dia, é tarde... Assim também, acontece em relação ao espaço, há uma mudança, assim, o "isto é uma árvore", não é mais ao deslocarmo-nos e depararmo-nos com o "isto é uma casa". Portanto, na tentativa de apreender o agora e o aqui, essa consciência primária, esbarra em todos os agoras, e se encontra diante de todos os aquis. Assim dizendo, nesse primeiro momento, essa consciência natural, se vê impossibilitada de conhecer o objeto singular, pois visa a imediaticidade, o permanente, a imobilidade alegada por Parmênides e Zenão, e essa procura a leva a indeterminação, ao universal.
Contrariada neste movimento, impossibilitada de conhecer o objeto em sua essência, a consciência natural, numa ação reflexiva, volta a si mesma, ao sujeito, e acredita ser ele o essencial. No entanto, esse retorno ao “Eu”, não é ainda o momento de síntese, é apenas uma transferência, uma mera mudança de lugar, ainda é o imediato o que mede o saber. A verdade agora não está no objeto e sim em mim mesmo, no meu saber interior sobre o objeto, não há mais um tempo e espaço fora de mim, não há mais “aquilo em si”, mais sim “aquilo para mim”. Nesse segundo momento, quando é o sujeito, na sua experiência sensível, o permanente, numa clara referência a Protágoras e aos sofistas em geral, é o “sujeito como medida de todas as coisas”. É a tese do relativismo, onde apesar da contradição entre elas, as opiniões são verdadeiras. Portanto, esse movimento só leva a certeza sensível até um Eu universal, sem chegar ao singular de qualquer saber. Essa singularidade do Eu, que é a busca da certeza sensível, é anulada pelos outros  Eus, no tempo.
Ao se chegar a esse terceiro movimento, a essa síntese da identidade, onde tanto o  repouso quanto  o movimento fazem parte do Ser,  a consciência descarta essa certeza sensível, visto que nela não há uma mediação, uma relação na apreensão do imediato. Então, sem possibilidades de dar conta do singular, pois em ambos os movimentos, seja no objeto, seja no Eu, só consegue chegar à pluralidade, a indeterminação, a universalidade, ela se dirige para essa síntese, porém, ainda se agarra a imediatez da verdade, só que agora ela vai está na relação entre sujeito e objeto.   Já não há um agora imediato, ele é algo que se mantém no ser e no outro, o aqui e o agora se fundam nesse movimento em que o aparente, o falso também é.
No entanto, nesse ceticismo de Hegel não há uma negação absoluta, onde nada existe, esse nada tem determinação. O que nos remete a Fichte na sua proposição de que o “eu é determinado pelo não-eu é o não-eu é determinado pelo eu” . Também no âmbito do espaço o aqui não permanece, multiplica-se no ser/outro, já que ao apontarmos um aqui, nele estão, ao mesmo tempo, inúmeros aquis. Ao se referir a "pluralidade simples de agora”, "multiplicidade simples de aqui", revela essa relação entre opostos, e isto a certeza sensível não apreende e então é superada por si mesma.
No entanto, refazendo este caminho da certeza sensível, percebemos “nós” (filósofos), que há uma impossibilidade entre a apreensão do imediato e a experiência da certeza sensível, assim ao dizer do imediato, do singular, apenas diz do universal e destrói qualquer concretude de seu saber, visto que este se revela indeterminado, abstrato. Dessa forma, esse terceiro movimento dialético nos leva a um novo momento, suprassumida a certeza sensível, compreendida a impossibilidade de um saber imediato, a consciência se volta para a figura da percepção.
 Manoel N Silva
Bibliografia

G.W.F. HEGELFENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO, Tradução Paulo Meneses com a colaboração de José Nogueira Machado, 2ª edição, Ed. Vozes,  Petrópolis-RJ - 1992

sábado, 2 de abril de 2011

Sobre o filme “A Onda” e o texto “Educação após Auschwitz” .



As minhas impressões sobre o filme são de que ele  conseguiu demonstrar a fragilidade dos regimes democráticos e o perigo das ideologias coletivistas, que baseiam sua organização na supressão da individualidade. E, o que é pior, o homem como individuo, não consegue suportar a sua solidão e precisa da aprovação dos outros, necessita se ver inserido em um grupo.
Diante do que foi exposto no filme, cheguei à conclusão angustiante de que, em qualquer época, por mais informação que esteja disponível, uma organização ou líder com algum carisma e poder, pode destruir uma democracia, basta que para isso se delineiem  as condições perfeitas: Insatisfação com o regime, diferenças muito grandes entre os indivíduos e classes sociais, etc...
Mas, e aqui me baseio  no que diz Adorno  no seu texto, “Educação após  Auschwitz” , só existe uma maneira de evitar que aconteça algo como o nazismo e consequentemente o que aconteceu durante este regime na Alemanha e nos países em que ela dominou, aquilo que ficou conhecido como Holocausto, o extermínio de judeus, negros, deficientes,etc...
E, esta maneira é a constante lembrança dos fatos ocorridos. Só será possível evitar isso com a discussão, a exposição exaustiva e a  compreensão  das causas, que levaram milhões de alemães a fecharem os olhos para o que estava acontecendo.
Hoje, vejo grupos que, se apoiando no Revisionismo, buscam  negar os fatos ocorridos, insistem em dizer que não houve o holocausto, que isso é uma distorção histórica. Não tenho nenhuma posição religiosa ou étnica para condenar isso, se o faço, é porque, após assistir o filme em questão e ler o texto de Adorno, além de outras fontes históricas e literárias, concordo plenamente com ele, qualquer um que tentar justificar tais fatos é já capaz de aceitá-los e/ou calar-se diante de algo parecido!

terça-feira, 29 de março de 2011

RETALHOS DA MEMÓRIA II







Dia de apanhar caju..

            Que beleza! Deitado na rede eu exclamo! Amanhã é dia de apanhar caju...! Adormeço com o doce desejo e o gosto da fruta.

           São 4 horas da manhã, vovó me acorda e me agasalha com um casaco doado pelos EUA... Ainda está escuro, as estrelas brilham e piscam sob meu olhar de sono e frio...

           Logo vêm Maria e Cilinha, Matilde, Neguinho e Francinete, na porteira nos acompanham ,Dimar e Dimilson... Já levanta a barra o sol, e já não é de sono meu olhar, ele agora é de brincar, pular e correr...
           
          Já somos muitos, as mulheres e as crianças (Os homens e os moços foram a pesca)! 
- Olha a “rodagem”! 
- Cuidado! 
- Espera! 
- Olha o Caminhão!!!
         
        Chegamos a Quinta de Guilherme, o portão aberto, o “Mouco”(como era conhecido Guilherme), sentado na sua cadeira de balanço, pitando seu cachimbo de barro, acena e nos sorri...
    
        Lá vamos nós por entre a infinidade de cajueiros, o chão se faz multicolorido pelos frutos caídos...Fazemos a festa, chupamos cajus como pequenos leitões famintos e felizes, chafurdando na lama colorida, as barrigas cheias de nódoas do vinho doce que escorre pelos cantos das bocas... 

         Dias que não me canso de lembrar!

Manoel N Silva