Caros jornalistas, vocês que compõem essa
privilegiada classe, capaz de levar a sociedade os fatos como realmente eles
acontecem, ou pelo menos, buscar a visão mais próxima, a versão mais honesta,
independente de vossas crenças e ideologias,
atentem ao que hoje acontece no mundo e ao seu redor. Aqui, no ambiente
doméstico, nas soleiras de nossas portas, na distante Europa, nas longínquas terras
onde nasceu a civilização, nos nossos vizinhos latino-americanos, na Ásia e
Oceania... Peço-vos encarecidamente, sejam
interpretes imparciais do movimento do mundo, busquem todas as visões, explorem
todos os ângulos e nos forneçam, por favor, as informações necessárias a um juízo
crítico, consciente e sem absurdos e pseudoverdades! Não colaborem com a
desinformação e o ideologismo, puro e simples. Não deixem que crenças e desejos
sobreponham-se as ciências e ao conhecimento racional. Não deixem se alastrar o
pior mal que a humanidade pode vir a padecer, a pior das pestes já enfrentadas
pelo homem, o mais letal desastre jamais vencido e superado: a ignorância!
Essa que mata a criança inocente, por
não lhe ser permitida a prevenção eficaz
pelas vacinas, essa que ressuscita doenças
há muito mortas e enterradas, essa que permite todas as pestes e que relega o
homem a sua mais primitiva condição! Essa que devasta as florestas e seca as
fontes e rios, que nega a ciência em nome do medo e da desesperança, que afoga
em gases o planeta e sufoca seus mares com o plástico e o óleo. Esse mesmo óleo
que a natureza nos forneceu com sabedoria como o combustível do nosso progresso,
mas ela, aliada a outro pesadelo humano, a ganancia, acaba por destruir nações,
espalhar a fome e a guerra, separando famílias, produzindo êxodos e diásporas pelo
mundo todo.
Por isso senhores jornalistas, não
falseiem a realidade, não deturpem os fatos, não conduzam ao erro o seu leitor,
o seu ouvinte, o seu telespectador, o seu internauta e seguidor, aquele que
deposita sua confiança cega, na certeza de que você o esclarece, que você é
imparcial e que traz a noticia certa, correta como você a viu acontecer, sem
maquiagem e sem máscaras, sem roupagens adicionais e sem intencionalidades de
segundas monta!
Rogo também aos lideres religiosos, aos
padres, aos sacerdotes, aos pastores e a todos que representam e falam por suas
crenças, enfim, a todas as autoridades religiosas que olhem de frente seus fiéis,
que não baixem seus olhos e lhes forneça o bálsamo maldito da ignorância, a
muleta covarde da mentira e do medo sem razão! Sejam honestos para com seus
deuses e suas ovelhas, mostrem ao rebanho que os segue, o alimento da ciência e
da verdade, não lhes venda ídolos de barro, mesmo revestidos de ouro,
mostre-lhes a real face do mal, que é a ignorância, a mentira, a ganância dos
homens, seus desejos de poder e dominação, seus desjos desenfreados de riqueza,
mesmo à custa da vida e da pobreza de muitos!
Imploro-vos, oh! senhores divinais,
que aplaquem a sua gana por almas e valorizem a vida e o tempo humano! Não naturalizem
o sofrimento vão e inútil, a fome, a doença, a guerra, a fuga, a violência e a
morte. Não digam que essas coisas são a vontade de deuses, isso não poderia ser
obra de deuses sãos, deuses felizes, deuses que amam e se alegram com a
felicidade do povo. Não, deuses bons e sadios jamais iriam querer o sangue de
inocentes derramados como sacrifício ao seu louvor! Retornem as suas matrizes e
espalhem o amor que todo deus que eu já ouvi falar, cobra! Amem e amem-se mais
do que a vã agonia da riqueza e da beleza, amem o próximo, mesmo que o próximo tenha
vindo de bem distante, empurrado pelos deuses do medo e do pavor, acolham a
verdade como principio e o respeito como
sentença.
A vossas excelências, meritíssimas e doutores,
senhores das nossas vidas, que decidem nossos destinos, peço-lhes que não nos
olhem de cima, que não nos julguem do alto de suas cadeiras douradas, com seus
mantos negros e seus sorrisos gelados. Que não distribuam o pão que nos é
devido, em partes tão desiguais. Por favor, senhor prefeito, governador ou presidente, não
pense que uma nação se faz sem gente e que aquela estrada reluzente, aquele
estádio moderno se faz mais necessário que a pílula, a vacina, o prato diário
de arroz e feijão. Senadores, deputados e vereadores, não cedam a pressão do
dinheiro, não joguem o aposentado, o trabalhador, a mulher e o deficiente no
lixo dos bancos, não os obrigue a mendicância, a morte lenta e a vida sem riso,
sem casa e sem dinheiro, sem remédio e remendo!
A todos os outros, que de uma forma
ou de outra, por medo ou por crença, por desgosto ou por gosto mesmo, que podem
e não fazem nada, ou mesmo que nada possam fazer, peço-lhes que pelo menos,
façam um esforço para gritar! Que pensem, que se sentem diante de si mesmos,
nem precisa ser na frente do espelho, olhem ao redor e fechem os olhos e reflitam,
perguntem, indaguem, nem que seja ao
vento ou ao sol, o porque de tudo que vocês não sabem explicar!
MNS
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