terça-feira, 5 de novembro de 2013

SOBRE ENEM E FILOSOFIA...


Muito me alegra ver uma prova de ciências humanas em que os enunciados, numa significativa quantidade, estão embasados no pensamento filosófico (Marx, Kant, Montesquieu, Bentham, Descartes, Maquiavel, Aristóteles, além de referências a teorias da administração como Fordismo, Taylorismo e Toyotismo) tirinhas e questões éticas e religiosas que foram e são alvo da reflexão filosófica e sociológica.
Outro aspecto que muito me agradou foi o da diversidade de assuntos, saindo daquela mesmice de política e ética (grega clássica) tradicionais e se aventurando pelo pensamento mais aberto, pragmático e liberal (Bentham, Fordismo, Toyotismo). O trabalho já não é enfocado apenas naquela visão marxista da mais valia pura e simplesmente, já se discutem outras visões...
Enfim, me parece ser ponto indiscutível que a filosofia e a sociologia, retomam seus espaços rapidamente, o que era esperado, dada a natureza questionadora dessas disciplinas e seus enfoques críticos que estimulam o desvelamento da realidade e denunciam as manipulações e imposições dos sistemas e ideologias vigentes.
No entanto, é muito desestimulante ver que no sistema de educação publica, principalmente no EM, a aprendizagem e o ensino, na sua prática diária, não acompanharam a velocidade desta retomada que acontece em âmbito geral, na sociedade.
Ficou claro, pelo menos na minha visão, que os conhecimentos cobrados nessa prova do ENEM, apesar de serem perfeitamente adequados e ideais ao nível de ensino ao qual se pretende avaliar, não correspondem ao nível em que o atual sistema de educação pode oferecer aos seus alunos, tanto do ponto de vista qualitativo, quanto do ponto de vista quantitativo.
Do ponto de vista qualitativo, o ponto fundamental é, no meu entender, que professores de filosofia e sociologia sejam realmente qualificados nesta área, ou seja, que não se improvisem professores de outras áreas, cujas práticas e abordagens são diferentes e desvirtuam o aprendizado e o ensino dessas disciplinas. Do ponto de vista quantitativo, fica claro que, dado o volume de questões sempre crescente, em todos os exames oficiais e concursos, no âmbito da filosofia e da sociologia, a atual quantidade de aulas: (1) uma aula semanal, é insuficiente para uma abordagem de conteúdos que atenda a demanda.
Não fosse tudo isso, ainda temos um descaso flagrante das autoridades, haja vista as quantidades ridículas das vagas oferecidas para professores de filosofia e sociologia, neste concurso público estadual, em curso.


Manoel N Silva

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