Eu compreendo o medo
E o desejo de ser o que não é
Sinto no rosto o hálito do chumbo
Na fumaça esquálida de um estampido
E se meu desejo de paz
Se perde entre os dentes trincados
Diante do desespero agonizante
De um jovem que parte sem cumprir
Nem mesmo sua sina
E a sua assassina mão, menos que menino,
Guiada pela contingência e não pela ação
Se faz discussão de culpa e punição
Meu pecado é a razão.
Eu não aceito o dedo divino
E nem o tribunal moral
Que encontra no ato puro
De um anjo sem asas e sem casa
A verdade indiscutível de um sentido
Para além do real, imortal delírio
De um Deus sem perdão e sem amor
Eu prefiro a mentira da compaixão
A crença ateia da inocência sem Deus
E a culpa velada de um povo ciente
De seu desejo e poder
Que transforma e distorce qualquer lei
Desde que lhe seja confortável.
Manoel N Silva
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