domingo, 13 de abril de 2008

Notívaga Alma...



Sob o meu olhar de vidro,

Eu observo essa boca enorme

Que se abre para a noite abocanhar...

Ela ergue-se azul, quase negra,


Vai devorando, lenta e calma

Cada sombra, cada rosto disforme


Seu apetite é voraz...


A noite vai sucumbindo,


Lentamente sendo devorada


Por esse monstro branco,

De boca enorme e que a nada esconde...


Toda escuridão se dissolve nessa boca iluminada...


Ela se aproxima firme, cadenciada...

Protejo-me atrás dos óculos azuis,

Mas é inútil...

Fecho os olhos...


Não me entrego à boca da manhã

Corro ao quarto escuro do meu ser


E ali me acalmo...

Tranco a porta...


Cá não há frestas...

Minha alma se cala,

Até que a noite,


Na sua luta diária,

Qual serpente negra,

Se arraste dengosa e sensual,


Escape entre os dentes do dia


E, de repente, antes que a tarde sinta...


A tudo invada...

E no quarto escuro,

Minha alma desperte... e saia!

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