quinta-feira, 24 de setembro de 2009

LIBERDADE E CAOS



“A liberdade pressupões que hajam caminhos a serem seguidos.

Pressupõem tambem que estes caminhos possam ou não possam ser seguidos, mas as duas opções têm que ser necessariamente possíveis.

Para que as duas opções possam existir de fato, algo deve ser livre, e este algo deve ser determinado.

Os caminhos são determinações de direção e sentido que algo possa tomar.

No caos absoluto não haveria algo e muito menos caminhos a seguir. Seria um eterno estado potencial, onde existiria apenas a não verificação.

Isto é liberdade? Haveria liberdade no caos absoluto?”

Luis Felipe Tavares

A liberdade é uma medida humana! Não adianta pensar a liberdade em termos cósmicos, em medidas infinitas. A liberdade é humana e apenas a humanidade é possível. Ela não depende de caminhos feitos, pode trilhar caminhos que ela construa. Em direção nenhuma, apenas caminhar caoticamente. Ser livre não é um estado físico, material, é uma sensação, um sentir. E, para sentir-se livre não é necessário ordem...!

Nada me permite o sentir, o sentir é uma qualidade humana, inerente a sua composição natural. A possibilidade só existe em função da liberdade e não ao contrário. A liberdade não depende de possibilidades. Se há determinação, não há liberdade, ou seja, não existem possibilidades, nem escolhas.

Analisando essa visão que tenho da liberdade, creio que cabe indagar se não seria a liberdade em sua plenitude, a ausência da ordem? O próprio caos?

Tendo a concluir que sim, a liberdade plena é o caos. No Caos não há o sentido de "caos", não existe referência a ordem...O caos não é uma desordem.

E ser livre não é estar livre, é sentir-se livre. Ter consciência de que está preso, saber de suas celas e de seus grilhões. Como disse antes, a liberdade é humana, portanto ela condiz com a sua potencialidade. Partilha dos seus limites. Aventar uma liberdade além dessa potencialidade, plena, sem limites...Só no caos!

Quando me refiro a liberdade humana, refiro-me a liberdade como desejo, meta a ser atingida, e essa sim é fruto de escolhas se não aleatórias, porém desejadas, imaginadas ou impostas, outras vezes determinadas por limites sociais, geográficos, sensíveis e físicos.

Quanto a ordem supostamente existente no caos, não vejo consistência nesta colocação. Não consigo vincular ordem ao caos. Quando penso em caos penso em liberdade, harmonia cósmica e não em ordem. Ordem, ao meu ver, denuncia determinação e, conseqüentemente, a idéia de um "organizador". Caos, como penso, é o estado natural do universo sem interferência nenhuma de leis ou ordenações. Puro movimento sem objetividade, sem direção. Liberdade plena, irrestrita!

Manoel N. Silva

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