Hoje,
acometido de uma gripe forte, impossibilitado de ir leciona, sento-me à frente
do computador e busco articular uma analise positiva da atual conjuntura
brasileira, penso, repenso leio as noticias e me debruço sobre as ações, as repercussões e as reações
nacionais e internacionais, nas áreas politicas e econômicas, nas relações de
trabalho e no âmbito do social. Tento vislumbrar uma luz, um fio condutor que
nos aponte uma saída para a segurança, por exemplo. Tem o tal pacote anticrime que se coloca como
solução contra a violência e a impunidade. Que promete acabar com a
criminalidade, mas que na realidade, analisando friamente, a luz da realidade e
não sob as lanternas ideológicas e
corporativas, encontramos apenas uma tentativa de aumentar o poder dos juízes e
legalizar a violência policial. Tais medidas, isoladas e sem articulação com as
áreas de educação, saúde e acadêmica e sem politicas de criação de emprego e distribuição
de renda, seriam, na melhor das hipóteses nulas e, na pior, aumentariam a violência
policial e numero de mortes de policiais, como já nos mostram índices de
criminalidade divulgados nesses três meses de governo Bolsonaro.
Se,
a menina dos olhos da campanha de Bolsonaro, a bandeira que o elegeu e a
centenas de políticos e alguns governadores, não decola, o que seria então que
sustentará seu governo?
Na
área de educação é uma sucessão de bobagens, atitudes e ações descoordenadas e descabidas,
meras retaliações politicas e ideológicas, sem nenhum impacto positivo, já
tivemos dois ministros e dezenas de exonerações no inep e mec. Cortes nas verbas para as
universidades na monta de 30%, o que significa uma precarização do ensino
superior e certamente uma redução significativa nas pesquisas cientificas, tão
caras para a independência tecnológica da nação. Promete-se ainda, corte na área
de pós-graduação, que teria como resultado, uma queda no nível científico e tecnológico,
a médio e longo prazo.
Já
no ambiente rural, o desencontro não é menor. Mais medidas pirotécnicas,
destituídas de valor real, promessas absurdas e fantasiosas, que comprometem
até mesmo a integridade dos envolvidos, como é o caso da legitima defesa do patrimônio,
onde o dono de terras teria o direito de atirar em quem invadisse suas terras, colocando
a propriedade acima da vida humana. Sem contar com as demissões por ideologia
politica e as nomeações sem critério técnico, baseados apenas em posições
politico ideológicas.
A
questão dos direitos humanos e da mulher está sob as ordens de uma demente, fanática
religiosa que defende a sujeição da mulher de acordo com os ideários do
patriarcado cristão, ignorando os índices alarmantemente crescentes de
feminícidios no nosso país. Além da
decisão completamente absurda de colocar a FUNAI nas mãos de Damares Alves, que
como disse antes, comunga fanaticamente com os ideários cristãos, que pregam a
conversão e a suposta civilização dos indígenas, em detrimento de suas crenças
e costumes. Enfim, o que pode sair de positivo dessa pasta se coloca-se um titular que se fundamenta em
ideais que vão de encontro com os interesses dos que dela dependem, em termos
de politicas públicas?
Mas,
continuemos nossa jornada em busca de positividade neste (des)governo. E a tão
propalada reforma da previdência? O governo, em geral, parece colocar todas as
suas expectativas nessa tal reforma. Paulo Guedes, seu idealizador, demonstra
não ter o conhecimento, a confiança e a segurança argumentativa para convencer o
parlamento e o povo de que essa é a solução para os problemas do Brasil. Não
entrarei em detalhes, visto que certamente, esse projeto, como está não
chegaria a ser votado. Certamente muitas modificações acontecerão até que venha
a ser votada em plenário e encaminhada ao Senado, onde certamente gerará
emendas e se aprovadas, atrasarão a entrada em vigor, já que deverá voltar a câmara
para ser novamente discutida e votada. Mas, o que importa é que, se esse
governo não conseguir mostrar ao que veio essa reforma, como todas as outras
que já foram enviadas ao congresso, sairá capenga e sem efeito real.
No
meio disso tudo, o judiciário se cala e
sofre as consequências de suas atitudes anteriores, despidas de imparcialidade,
e que provocaram a desconfiança da população, que já não se sente segura da
capacidade do STF, como supremo guardião
da Constituição Federal e do Estado de Direito.
A
politica externa é comandada por um tresloucado que não acredita na
globalização, adora Tramp e odeia o marxismo, e mete os pés pelas mãos no trato
com parceiros comerciais significativos como China e o mundo árabe.
O
presidente e seus filhos se comportam como adolescentes mimados e diariamente
provocam o riso e a galhofa daqueles que
navegam pelas redes sociais. Dia após dia protagonizam vexames e se expõem ao ridículo
com afirmações e publicações das mais absurdas e vexatórias. Publicam vídeos com
teor pornográfico, fazem alusão a turismo sexual, acusações puramente
ideológicas, enfim, essas coisas sem nexo que adolescente e pré-adolescente fazem
nas redes sociais.
Além
disso tudo, existem as coisas sérias, a proximidade da família Bolsonaro com as
milícias, a questão do Queiroz e os funcionários fantasmas, o laranjal do PSL,
a falta de articulação e até limitação
da oralidade do presidente, não transmite confiança, segurança nos seus
discursos, parece mais um estudante apresentando um seminário, inseguro, gaguejante,
soletrante, claramente decorado, sem nenhum conhecimento profundo do que diz. E
a as declarações impensadas, que provocam o vai-e-vem do mercado financeiro?
Para
fechar tudo isso, ao buscarmos as fundamentações ideológicas e as referencias
intelectuais da maioria desses citados, inclusive o chefe supremo da nação e nos
deparamos com uma figura patética, do ponto de vista acadêmico e cientifico, um
astrólogo, que contesta Einstein e a maioria dos pensadores e cientistas
renomados e respaldados na comunidade cientifica mundial, que não concluiu
sequer uma faculdade. Acredita em teorias conspiratórias e auto se denomina
professor de filosofia, mora no exterior e se diz o maior pensador do Brasil.
um senhor chamado Olavo de Carvalho. Além dessa referencia, o Presidente é fã
de conhecidos ditadores e em especial de um torturador brasileiro acusado por
suas vitimas de atrocidades sem igual, principalmente contra mulheres, chegando
a introduzir ratos em suas vaginas e deixar crianças assistirem sessões de
torturas de seus pais.
Pelo
andar da carruagem acredito que, se eu continuar esta análise terminarei por escrever
um ensaio intitulado “como não governar uma nação”. Como não é isso que
pretendo, encerro essa minha tentativa frustrado e deveras preocupado com o futuro
desse meu pais, já tão maltratado, pisoteado e usado ao longo dos séculos, por
exploradores, príncipes, reis, imperadores, militares e demagogos.
Manoel N Silva
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