Se, "Toda a filosofia ocidental nada mais é que notas de rodapé à obra de Platão" , eu concordo plenamente com quem disse que a maioria dessas notas são de Aristóteles.
Diante disso, tentarei explicar e fundamentar a afirmativa que dá título a esse post, de que o homem é um animal social, baseado na conclusão aristotélica de que o homem é , por natureza, um "zoon politikon".
Para começar, não esqueçamos que na época de Aristóteles não existia a especificidade do termo "sociologia" ou "social" e "política" era relativo a convivência na pólis. Portanto, relativo à sociedade. Também é bom lembrarmos que a pior punição para o cidadão ateniense, era exatamente o desterro e ostracismo, que fez Sócrates preferir a cicuta. O que demonstra o quão importante era pertencer à cidade, a pólis.
Eu, academicamente assumiria a afirmativa aristotélica de que o homem é um ser social, fundamentado em toda a obra filosófica do período socrático (que me abstenho de citar, tanto pela quantidade, quanto pelo conhecimento da grande maioria que vier a ler estes escritos). É uma conclusão lógica e, ariscaria eu, a única capaz de reproduzir o que Aristóteles quis dizer com a expressão "zoon politikon".
Muitos poderiam contestar dizendo que político não é sinônimo de social. Sim, absolutamente não é! Mas, não foi a concepção do termo "social", que mudou ao longo do tempo e se distanciou da concepção do termo "política", ao contrário, foi a concepção de política, na era moderna, que se afastou daquela concepção clássica grega, muito mais próxima do termo moderno para sociabilidade.
O termo sociabilidade é moderno. Veio com a necessidade de substituir aquele antigo termo grego "politikon", que queria dizer relativo a cidade, a "pólis". Que não siginificava, de modo algum, o termo moderno, comumente traduzido, "cidade-estado", era muito mais próximo dos termos modernos de "Nação" ou "sociedade". Eu prefiro sociedade, pela complexidade que envolve esse termo, tanto quanto o termo grego, e que deriva do termo latim "sociatas " que é pós grego antigo e clássico, e começa a ser usado por volta do séc XIII, como equivalente a "comunidade de indivíduos". Por estas e outras muitas justificativas, eu compreendo e aceito, dentro da visão aristotélica, de que o homem é um animal social.
No entanto, discordo dessa natureza. Na minha visão o homem é compelido, obrigado a viver em sociedade, não porque seja de sua natureza, mas, por pura necessidade. E necessidade no contexto atual, onde estão envolvidos todos os conceitos de escolha, liberdade, sociedade, globalização, privacidade, informação, egoísmo, utilidade, condição humana, enfim, essa concepção contemporânea de "ser humano".
A minha visão sobre a natureza humana é social e sob as lentes sartrianas e existencialistas, ou seja, não vejo a possibilidade de uma natureza humana e sim a construção de uma natureza pessoal, fundada na percepção e compreensão do mundo e das pessoas ao seu redor. Somos constructos sociais com bases no desejo e na necessidade de existir, enquanto ser que se encontra no mundo e precisa sobreviver.
MNS
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