É dia de fechar os
olhos
Olhar com a alma
Enxergar com a pele
Na calma resignada
Da dor esquecida e sem razão
É dia de sentir-se mal
Recolher-se ao escuro do quarto
E se arrepender de ser
A realidade inventada
Em um livro qualquer
Que mostra a morte sem fim
E o caminho do nada
É dia de beber o fel
No cálice da vida
Vivida na mentira do mel
E no prazer da hipocrisia
É dia de comer
Aquele pão escondido
No porão da ilusão
Que mofou na espera
Da quimera de ser feliz
É dia de trair a si mesmo
E enforcar-se na mentira
Que o desejo de ser
Retira da inútil oração
É dia de morrer na cruz
Da luz dos sentimentos
Que negaste a tua alma
Como forma de sobreviver
É dia de jorrar moedas de ouro
Quando explode o remorso
E abunda a agonia
Que sepulta toda verdade
No brilho da fantasia
Que o coração embala
É dia de solidão
É dia de perdão
É dia da paixão humana
E do banquete do sultão
E se aqui na terra
Se ouve o grito dos inocentes
E o barulho das guerras
No céu o silencio se faz solene
E a paz que reina no paraíso
É imune a qualquer sacrifício.
Mas não se preocupe
Ainda é sexta-feira
No sábado eu serei teu rei
E no domingo, na terra ficarei!
MNS
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