segunda-feira, 20 de abril de 2020

Teatro de bonecos



Hoje parei para pensar nas atitudes do nosso governante maior e procurei entender qual a linha de atuação e o que poderia ser o objetivo maior de suas tão absurdas atitudes. Ele age como uma pessoa com bipolaridade, seus discursos são contraditórios e sem nexo aparente. Ataca o congresso e o STF, flerta com um publico ultra direitista e que pede intervenção militar e AI-5. Por outro lado, clama por patriotismo e democracia, critica presidentes como Maduro e Kim Jong Un, que diz ele, serem ditadores e ao mesmo tempo idolatra ditadores sanguinários como Pinochet e chama de herói o torturador Ulstra.

Aliado a esses comportamentos incongruentes, está rodeado de figuras exóticas e paradoxais, seus filhos trocam os pés pelas mãos, ofendem aliados e disparam fake news. Disparam bobagens contra embaixadores e criam crises sem motivos. O ministro da Educação parece adolescente nas redes sociais, tem comportamentos infantis e tiradas dignas de crianças de oito anos de idade. Publica em suas redes, insinuações ao povo chinês enquanto brinca de ministro, enfim, nem vou me alongar para descrever as loucuras e micos que os membros do alto escalão desse governo protagonizam diariamente, tornando-se a maior fonte de inspiração para humoristas e comediantes.

Vendo e revendo vídeos, atuais e antigos do nosso presidente, suas falas e seus gestos, sua performance, percebi que ele parece um personagem, uma figura montada, produzida e não uma pessoa real. Ele parece atuar e dar vida a esse personagem polêmico e vazio, que joga palavras e frases de efeito, mas sem nenhum compromisso real com essas posturas. Ele não assume a homofobia, embora a todo instante deixe ransparecer com palavras e ações. Não assume a misoginia, no entanto já foi condenado por ofender uma deputada e podemos encontrar diversos videos dele com insinuações e ofensas as mulheres. Disse que não é racista, mas zombou de quilombolas e indígenas...

Bem, como podemos perceber, são comportamentos sem sentido e suas afirmações soam falsas e aleatórias, sem profundidade, tanto que a grande maioria dos seus apoiadores não acredita que ele seja realmente assim, o que reforça a percepção de que ele é um personagem e que foi esse personagem polêmico e tresloucado que, tal qual Tiririca e outros personagens, se manteve na política, eleito como deboche ou brincadeira.

Fato que, para o eleito, é ótimo, pois não acarreta compromisso e assim ele se mantém na política sem cobranças ou pressões. Até aí tudo bem, o problema é que por uma conjuntura e uma série de fatores alheios à isso, o personagem foi eleito presidente e aí sim, a meu entender, começou o desastre, sem projetos e sem noção real de política, visto que não a fazia, não atuava e não tinha expressão no cenário político, acostumado a firulas e discursos vazios, de repente se viu debaixo dos holofotes, presidente do maior país da América Latina, uma nação gigante e de grande relevância no cenário global, não soube o que fazer, não tinha visão política, não sabia ser estadista e não o era.

Diante disso, fez a única coisa que sabia fazer, continuou atuando, sendo um personagem e se cercou de figuras com as mesmas características, meros personagens, pessoas que vivem fora da realidade. Arranjou um ministro da economia alinhado com a maioria do Congresso e alçou Moro, uma celebridade judicial, ao cargo de ministro da justiça, tentando criar uma proteção para a sua incapacidade administrativa e política. Sustentou seu primeiro ano as custas desses dois super ministros e uma reforma da previdência.

Mas, infelizmente, 2020 chega e logo nos primeiros meses, o mundo se vê sacudido por uma pandemia de proporções épicas, e completamente imprevisível, a Covid-19, provocada pelo novo corona vírus, que começou na China e se espalhou por todo o planeta. Nosso ator canastrão, na pele de seu personagem, meteu os pés pelas mãos e hoje, parece tentar uma ultima cartada, na esperança de sair ileso desse furacão. Ou seja, prega o caos político, acusa sem provas, joga insinuações, na esperança que os militares assumam o poder e salvem seu personagem de um fim triste e melancólico!

MNS

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