O que vemos hoje nos noticiários das principais emissoras de televisão são jornalistas constrangidos, sem graça, noticiando o que repudiam, enquanto jornalistas e seres humanos, em rede nacional. É um festival de caras amarradas, sorrisos artificiais. Impossível não deixarem escapar suas reais ( com exceção de alguns poucos) emoções. Os olhos que antes brilhavam ao noticiar impeachment de Dilma, ou delações premiadas que implicavam o PT, que mostravam uma felicidade incontida e descarada ao anunciarem indiciamentos e julgamentos de Lula e outros petistas, hoje quedam-se envergonhados, cabisbaixos ao serem obrigados a exaltar a mediocridade em pessoa. Ao se verem obrigados a amenizar absurdos e manipular dados econômicos para garantir um mínimo de lógica no caos econômico que esse ministro instalou. Figuras como William Bonner e Rachel Sherazade (essa parece que vai sair do sufoco), transparentes como cristal, são as que mais sofrem com essa situação. Coitados! não conseguem sequer fingir um sorriso... William só se alivia um pouco na hora de chamar a moça do tempo, abre um sorriso meio sem graça, mas sincero. E nos programas de auditório, nas entrevistas, Serginho, Silvio, Bial, Fátima Bernardes, Faustão, Luciano, não raro, se veem de calças curtas, sendo desmentidos e expostos por seus convidados.
É triste ver o todo poderoso jornalismo da Rede Globo, repercutindo noticias, catando migalhas jornalísticas, sendo obrigado a remendar suas colocações. Seus âncoras, sempre tão corretos e altivos, se retratando por erros crassos, infantis, que revelam a secundariedade das notícias e fontes.
Mas como diria minha avó, aqui se faz aqui se paga, A Globo, a mais prejudicada por sua própria campanha anti-petista, por seu apoio incondicional a escalada divisionária que culminou na eleição de Bolsonaro, pelo confronto e ódio que separa regiões e brasileiros, pela construção da narrativa que coloca a politica como um mal, criminalizando toda a classe política, denegrindo o serviço publico, marginalizando os movimentos sociais, as associações de classe e sindicatos, e fomentando o ideal neoliberal, hoje se vê excluída dos projetos políticos desse governo, jogada de lado, preterida em favor do SBT e Record. Vez ou outra ensaia uma debandada, rumo a uma independência editorial, mas, sempre volta agarrada ainda ao seu projeto de salvador, herói justiceiro que ela forjou e alimentou, vestiu e endeusou de honestidade e protagonismo judicial. Tenta, de todas as formas, salvar o super-herói de brinquedo da Lava-jato, para que venha a ser o próximo Presidente e assim, reconduzi-la ao topo do poder politico, que sempre ocupou nos últimos sessenta anos!
Manoel N Silva