Queria ter a palavra certa,
O verso correto e completo,
No tamanho exato desse momento.
Na dimensão concreta do meu sentimento!
Quem dera minha poesia medíocre
Se fizesse, por um momento,
A perfeita tradução da emoção.
Minhas mãos escrevessem com sangue
O desespero, a angústia, o medo e o desejo...
Quem me dera a capacidade, mesmo momentânea,
Da fluência significante do verbo descrever
Para que eu esculpisse em letras,
A obra prima da minha indignação!
Permitissem-me os deuses da escrita
Que as pontas dos meus dedos
Se fizessem cinzeis perfeitos
Compondo nessas teclas de plástico rígido
A mais sublime construção literária
A mais nítida crônica da dor humana
Jamais dita com tamanha clareza e sinceridade
Jamais percebida com tanta profundidade
Mesmo que por mais verdadeira que se revelasse,
Seria, por todos, corretamente ignorada!
Manoel N Silva
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